black phillip: O Elixir

24 de dezembro de 2025

O Elixir

Abadi Nan Jaia (Indonésia, 2025)

Diretor Kimo Stamboel
Elenco Mikha Tambayong, Eva Celia Latjuba, Marthino Lio, Donny Damara, Dimas Anggara, Ardit Erwandha, Varren Arianda Calief.

Maratona impossível. Será que algum fã de horror já viu todos os filmes de mortos-vivos disponíveis? Antes que alguém levante a mão, melhor checar os releases, lançamentos, IMDB, pois a proliferação parece crescente e parece longe do esgotamento. O perigo é a banalização do gênero, como visto em outras épocas com os filmes de espionagem, o faroeste, os giallos, as comédias teen, etc. A parte boa é que filme de zumbi nunca é demais, o excesso (e até mesmo a repetição) parece alimentar a própria essência do gênero (subgênero).

Aqui neste O Elixir a premissa é simples: uma família atuante no ramo de fármacos desenvolve um soro rejuvenescedor potente e de ação rápida, porém com um pequeno efeito colateral: todo mundo vira zumbi! É isso e só isso. Da família infectada passando a uma reunião festiva, a contaminação ganha a região interiorana rapidamente. O Elixir segue a linha dos zumbis raivosos de 28 Days Later a a progressão habitual com a infestação ganhando os espaços e a chance de salvação se reduzindo.

Então qual a vantagem de ficar diante de seus 110 minutos de duração? Talvez nenhuma considerando que o filme é mais do mesmo, só que quando a repetição é de qualidade a coisa vale cada minuto. E afinal, o que um fã de horror espera quando acessa mais um filme de zumbis no cardápio streaming? Sangue e porradaria. E aqui tem o suficiente. O Elixir se garante na ótima direção e no elenco empenhado que sustenta bem a aflição desde quando o patriarca da família eclode a contaminação. Daí em diante é ação de respeito e efeitos ótimos. E mesmo repetindo o confinamento e a claustrofobia habituais, faz um inteligente uso de espaços externos. Grande parte da ação se passa em uma delegacia, onde os protagonistas se protegem, e a alternância à amplidão de gramados e estradas vazias cria uma nova forma de expectativa. O filme só tropeça no excesso de dramatização – em especial a cena quase cômica da aliança – mas com seu dinamismo, efeitos e alternâncias narrativas, O Elixir garante seu espaço na luta por exposição entre incontáveis ofertas do consumo contemporâneo.

• Cinismo: a delegacia não serve de proteção.