Ma che cazzo?! Sempre que vejo reviews e levantamentos sobre trash, terror, thriller, sinto falta das podreiras made in Italy. Geralmente ficam de fora, a menos que sejam de consagrados mestres como Argento, Fulci, Lenzi. Por que isso acontece? A resposta é bem simples: tem tantos que não dá pra contar ou selecionar.
A linha exploit italiana tem coisas inacreditáveis em sua ousadia apelativa simplesmente porque procedem dos imperativos operísticos tipicamente italianos. Capiche? O que o público está pagando pra ver? Putaria e violência? Então toma! E muita coisa não foi devidamente conhecida em sua época na briga por distribuição e espaço nas bilheterias.
Também existe a situação bastante particular de que diversos filmes italianos no anos 60 e 70 foram feitos para consumo interno. Muitos produtores e diretores não tinham a pretensão de alcançar mercado mais amplo e por isso pouco se importaram com critérios morais ou estéticos alheios.
Um exemplo interessante é o de Por Um Punhado de Dólares que não tinha a menor noção dos códigos de censura auto-impostos na produção americana. No western americano dificilmente víamos uma arma disparando e um corpo sendo baleado, no mesmo quadro. Sergio Leone nem sabia disso e fez o que quis em seu primeiro clássico pop que sedimentou os modelos do faroeste italiano (ou euro-western). Quando o filme foi exibido em telas americanas, em meados dos anos 60, foi um incômodo, pra dizer o mínimo! Imagine então a produção voltada exclusivamente ao exploit de violência e sexo, nos anos 70!!! Muitos filmes eram tão absurdamente desagradáveis em seu gosto sádico pela exploração de violência que só foram conhecidos mais amplamente uns dez ou quinze anos mais tarde, na época do VHS.
Um exemplo interessante é o de Por Um Punhado de Dólares que não tinha a menor noção dos códigos de censura auto-impostos na produção americana. No western americano dificilmente víamos uma arma disparando e um corpo sendo baleado, no mesmo quadro. Sergio Leone nem sabia disso e fez o que quis em seu primeiro clássico pop que sedimentou os modelos do faroeste italiano (ou euro-western). Quando o filme foi exibido em telas americanas, em meados dos anos 60, foi um incômodo, pra dizer o mínimo! Imagine então a produção voltada exclusivamente ao exploit de violência e sexo, nos anos 70!!! Muitos filmes eram tão absurdamente desagradáveis em seu gosto sádico pela exploração de violência que só foram conhecidos mais amplamente uns dez ou quinze anos mais tarde, na época do VHS.
Mas na era da cultura digital em que tudo está disponível por vias mais ou menos oficiais, muita coisa "boa" veio à tona e as revisões se tornaram mais confiáveis e abrangentes. Então lá vai o Black Phillip com sua sugestão de 20 podreiras sleazy italianas que, a rigor, não se encaixariam nos gêneros consagrados como góticos, giallo ou poliziotteschi.
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1970 Nelle Pieghe Della Carne • Telenovela, dramalhão, Nelson Rodrigues, decapitações. Junte isso tudo para ter uma ideia (aproximada!) do que é esta aberração sleazy! Um indescritível pastiche de perversões e reviravoltas absurdas. Veja no post.
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1974 Quelli Che Contano • Depois que uma grande quantidade de droga é perdida em um acidente provocado por rivais, um chefão do crime traz Henry Silva de volta da America para botar ordem na concorrência. Como em uma "versão máfia" de Por Um Punhado de Dólares, o ardiloso hitman começa a fazer serviços para as duas quadrilhas rivais até descobrir o mandante do acidente. Com a direção sem noção de Andrea Bianchi temos decapitação, cadáver de criança e autópsia logo nos primeiros 5 minutos de filme! Henry Silva dá moral ao show, sempre anunciado por um assovio misterioso e baleando os mafiosos como um personagem de western. Barbara Bouchet embeleza a tela como a esposa de um chefão rival. 😈😈😈
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1975 Ultimo Treno Della Notte • Duas jovens viajantes em um expresso pela Europa são subjugadas e aprisionadas por dois marginais. Variação/refilmagem de Last House on the Left e um dos mais pesadões de seu período. Veja no post.
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1976 Come Cani Arrabbiati • Trio de jovens de famílias ricas (dois rapazes, uma garota) cometem crimes diversos e são obstinadamente caçados por um detetive. Produção B que pega carona no título do road movie de Mario Bava para um desfile de violência e muita nudez. O elenco feminino tira a roupa com frequência aproximando o filme de uma chanchada típica dos anos 70, só que sem humor e com violência por vezes desconcertante em sua gratuidade. Sobra espaço para algum comentário social e a ironia da justiça sendo feita por vias indiretas e não pelas mãos do detetive. 😈😈
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1977 Nove Ospitte Per Un Delitto • Arthur Kennedy é o patriarca ricaço que reúne seus filhos marmanjos para uma temporada na sua mansão em uma ilha. Entre intrigas, adultérios e leituras de tarô, monta-se o cenário para vinganças particulares entre os irmãos e suas esposas. Naturalmente que, crimes começam a acontecer e a dizimar a família. Suspense erótico na linha whodunnit, como em Agatha Christie e afins. A primeira meia hora parece que não vai passar, mas depois do primeiro afogamento o filme se mantém muito bem nas paradisíacas paisagens rochosas da ilha. Inclui mortes variadas, muita nudez e faz curioso e constante destaque a objetos cinéticos decorativos. 😈😈
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1977 Maladolescenza • Em período de férias, a jovem Laura passa temporada na casa de campo da família e conhece Fabrizio, um rapaz que vive pelas florestas próximas quase como um selvagem. Nos encontros e brincadeiras nasce naturalmente a curiosidade erotizada entre eles. Mas com a chegada de mais uma garota, os jogos passam a ter um caráter de dominação e manipulação a ponto das relações se tornarem progressivamente violentas. Suspense erótico que surpreende pela jovem idade do trio de protagonistas em cenas de nudez e relações íntimas. Um filme que seria impossível de ser produzido atualmente na forma em que se apresenta aqui. Tentei três vezes colocar um clip no YouTube e o vídeo foi rejeitado as três, mesmo com atenuações e tempo reduzido! Ousado e apelativo, mas também um curioso exercício sobre as distorções morais no processo de amadurecimento. 😈😈
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1978 Avere Vent'Anni • Jamais que Lili Carati e Gloria Guida ficariam de fora de uma seleção sleazy italiana! Elas são duas jovens andarilhas na onda do "paz & amor". Na abertura, as duas acordam depois de um balada à beira mar e seguem viagem. Curtindo a liberdade entre encontros casuais e estadia em comunidades hippies, elas seguem sua trajetória sem destino. A mão pesada de Fernando Di Leo dos clássicos poliziotteschi do começo da década de 70 entra aqui para o drama e afronta cinicamente as virtudes libertárias de uma geração. O preço a pagar pela vida on the road pode ser alto e o violentíssimo final é algo que fica para sempre na memória fílmica de quem vê. Avere Vent'Anni é um trauma cinematográfico! Participação de Ray Lovelock. 😈😈😈
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1980 Patrick Vive Ancora • Jovem atingido por um objeto na estrada fica em estado catatônico e desenvolve poderes mentais durante seu tratamento. Sequência clandestina do Patrick australiano e um clássico sleazy. Veja o post.
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1986 Il Monstro di Firenze • Leonard Mann é um escritor pesquisando sobre um criminoso que mata casais e começa a perder sua sanidade no processo de investigação. Curioso suspense, discreto e tentando uma variação formal em sua alternância de protagonistas, narrativa por vias não lineares e com um longo flashback sobre os traumas do assassino na infância. Como um representante perdido entre gêneros específicos, o filme não tenta o histrionismo estético da tradição dos giallos italianos e também evita o rollercoaster dos similares americanos. Uma curiosidade à deriva da história e um dos filmes mais elegantes desta lista de aberrações sleazy! 😈😈
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