15 de fevereiro de 2019

Pós Apocalipse - um dia isso tudo será seu...

The Road

Guerra nuclear? Meteoro? Impeachment? A ameaça da destruição total é um medo que preocupa o homem provavelmente desde que este se organizou socialmente. Na cultura de massa após a Segunda Guerra o conceito de destruição ganhou novo sentido e dimensão fosse no inconsciente coletivo, fosse como material para ficção sensacionalista. A destruição provocada pelo próprio homem.

Durante a guerra fria e depois, o medo da catástrofe nuclear rendeu muito à cultura pop sob a "ameaça da bomba". Quadrinhos, cinema e literatura nos fizeram dormir preocupados depois de The Day After (1984), Miracle Mile (1988) e a série Terminator. Também houveram os dramas mais sérios (mais drama, menos aventura) como On the Beach (1960), The World, the Devil and the Flesh (1959), Five (1951) e até Pânico no Ano Zero (1962), produção B dirigida e estrelada pelo ator Ray Milland, tem sua boa dose de tensão na fuga da típica família americana pelas estradas após a destruição de Los Angeles.
Mas o que seria pior, a destruição total ou sobreviver a ela? Já imaginou um mundo sem um mercado para comprar panetone no Natal? O clássico Things To Come (Daqui a Cem Anos, 1936) baseado em H.G.Wells, previu a Segunda Guerra, mas também previu a reestruturação social e a evolução tecnológica. Ainda bem. 
A literatura de ficção cientifica tem narrativas assustadoras como "De Encontro ao Sol" (1882) de Robert Duncan Mile, que sugere o fim do mundo consequente de causas naturais. A descrição do mundo em chamas por causa da elevação da temperatura solar é impressionante. Ou o apocalipse proporcionado pelos alienígenas em A Pele dos Pais de Clive Barker no qual a superfície do planeta é derretida por instantes e as pessoas ficam imobilizadas depois de afundarem e a matéria endurecer. Imóveis esperando a morte. Stephen King tem sua marcante saga Dança da Morte como um dos bons exercícios literários em apocalipse. E a clássica novela I am Legend foi uma das mais duradouras criações na cultura pop devido às versões para cinema: em 1964 The Last Man on Earth (Mortos que Matam) é uma versão em terror, bem bacana e que foi refilmada em Omega Man (A Última Esperança da Terra, 1975) e mais recentemente na "versão oficial" Eu Sou a Lenda (2001). Veja mortos vivos.

Bed Sitting Room

Voltando ao cinema tivemos o filme Bed Sitting Room (1969) de Richard Lester. Alucinado, crítico, satírico e surreal. Antecipando os filmes do Monty Python e levando o nonsense inglês a um novo patamar com sua estética inovadora, realista, feia de ver. Depois dele (mas não por causa dele) o surto de filmes pós-apocalípticos foi grande na década de 70. Vieram No Blade of GrassSoylent Green (No mundo de 2020, 1973), Phase IV (Fase 4 Destruição, 1974), Quintet (1975), Damnation Alley (Herança Nuclear, 1977), Ravagers (O Novo Princípio, 1979). Entre deles, A Boy and His Dog (Um Menino e Seu Cão, 1975) foi precursor dos filmes pós apocalípticos como os conhecemos hoje. O mundo transformado em deserto, as gangues de saqueadores e uma sociedade que se isola para se preservar foram elementos de muitos filmes posteriores. Junto a Boy and His Dog, a aventura The Ultimate Warrior (1975) formou a base para Mad Max (1979) e especialmente Mad Max 2 (1981). Ultimate Warrior tem Yul Brynner como o nômade bom de briga, disposto a vender serviços a quem pagar melhor. Como um samurai ou pistoleiro. Mad Max foi um marco divisor, influenciou bastante e as cópias vagabundas brotaram aos montes. Daí pra diante, pelos anos 80, toda a distopia futurista sobre sociedades pós-destruição teria que recorrer a barbárie e ao "pé na estrada". Como em Cherry 2000 (1987), Juggers (1989) e diversos outros. Até o Van Damme engoliu um pouco de areia em Cyborg (1989). E se jogarmos Fuga de Nova York (1981) na mistura, aí teremos o inferno na Terra. Olha só o Guerreiros do Bronx que mistura Fuga de Nova York, Mad Max Warriors! Vale dizer que o resultado foi apocalíptico? E olha que o diretor Enzo Castellari fez coisa muito boa mesmo, nos policiais italianos.

Cherry 2000

Mais recentemente com a retomada de gêneros pelo cinema o pós-apocalipse voltou digital em The Book of EliThe RoadChildren of Man e na volta gloriosa da Max Rockatansky em Fury Road (2015). Esqueci algum? Claro que sim, tem variações e versões aos montes... E é curioso notar a quantidade filmes de catástrofe, destruição, apocalipse e matança que o mercado vem produzindo e consumindo no lazer contemporâneo! Que sinal é esse? Desejamos ver destruição? No cinema só vemos a destruição dos outros?
Black Phillip vai poupar a galera dos Rip-Offs mais vergonhosos de Mad Max. Mas se você é um cine-masoquista dedicado pode ir no Google (já foi né) e digitar lá, Mad Max rip off, pra conhecer o sofrimento em maior grau. Ué, pra quem gosta de filme-desastre... Aí tem as categorias "é ruim mas dá pra ver" (Exterminadores do Ano 3000Battletruck) e os "jo no quiero ver esto" (Guerreiros do BronxWarriors of Apocalypse). Veja a lista no IMDB 

Fury Road

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