Malditos, pervertidos, desvirtuados! Depois que os anos 60 impulsionaram uma mudança sem precedentes na produção cultural e uma liberdade de discursos bastante rica, coube à década de 70 assimilar as novas possibilidades e explorar ainda mais as liberdades conquistadas. Fosse do bom ou do pior, é possível que em nenhum outro momento na história da cultura de massa tenha-se visto a profusão cinematográfica de absurdos estéticos, políticos, financeiros ou de conteúdo, como os que foram produzidos nesse intervalo cultural entre a Golden Age e a moralização protocolada contemporânea.
A produção mainstream americana foi cedendo às ousadias de filmes como Valley of the Dolls (1967), Midnight Cowboy (1969) e Tropic of Cancer (1970) e os independentes também impulsionaram as liberdades que a década de 70 abraçou como essencial. Enquanto isso o pop europeu e oriental chutava o balde em filmes inacreditáveis, inesquecíveis e fundamentais ao lazer desvirtuado de então.
A produção mainstream americana foi cedendo às ousadias de filmes como Valley of the Dolls (1967), Midnight Cowboy (1969) e Tropic of Cancer (1970) e os independentes também impulsionaram as liberdades que a década de 70 abraçou como essencial. Enquanto isso o pop europeu e oriental chutava o balde em filmes inacreditáveis, inesquecíveis e fundamentais ao lazer desvirtuado de então.
Tem muita coisa que vai ficar de fora da seleção só porque já foi bem citada por aí como os insanos Thriller - a Cruel Picture, Vingança de Jennifer, Ultimo Treno Della Notte ou Last House on the Left. E nem entramos pela nunxploitation e naziexploitation que terão suas futuras seleções ...
Aí vão 20 pérolas tortas de uma época incomum!
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1971 La Bestia Uccide a Sangue Fredo • Klaus Kinski é o doutor chefe em uma clínica de mulheres. Quando um misterioso mascarado começa a matar funcionários e pacientes, a polícia prepara uma armadilha para pegar o maníaco. Direção de Fernando Di Leo em uma produção bastante suspeita que se divide entre um suspense gótico e inserts de cenas eróticas no limite do pornô. Considerando a trajetória do diretor, esta pode ter sido uma produção finalizada a sua revelia tal a irregularidade entre os conteúdos góticos e eróticos. Di Leo iniciaria no ano seguinte com Milano Calibre 9 sua célebre trilogia de euro-policiais. 😈😈
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1972 Hanzo, Sword of Justice (Goyokiba) • Hanzo Itami é um oficial de justiça com algumas peculiaridades: é implacável em seu serviço, expert em acessórios de combate e tem um membro descomunal, também estimulado pela dor! Na busca por um criminoso fugitivo, Hanzo faz uso especial de sua "arma" nas sessões de interrogatório a algumas suspeitas e aliadas ao fugitivo. Gostando ou não gostando do interrogatório, a confissão é garantida! Com roteiro de Kazuo Koike (Lobo Solitário) e uma trilha sonora soul (!), Hanzo, the Sword of Justice é uma das surpresas mais malucas do pop japonês! Ação e erotização doente em um filme de samurai exploitation! Ninguém ganha dos anos 70!!! 😈😈😈
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1972 Private Parts • Primeiro filme de Paul Bartel explorando os dois ingredientes mais exploit do momento: sexo e violência, mas dentro da postura anárquica dos filmes underground (quer dizer, é mais irreverente do que sádico). Cheryl é uma jovem que vive com uma amiga até que um desentendimento entre elas faz com que a jovem procure por sua tia Martha, proprietária de um hotelzinho barato repleto de tipos excêntricos e suspeitos. Cheryl desperta o interesse de um fotógrafo pervertido e investiga os misteriosos sons, desaparecimentos e até mortes que ocorrem no local. Inventivo e dinâmico estudo de comportamentos excluídos, sempre com humor anárquico e desconcertante naturalismo. Bartel é possivelmente um diretor tão importante quanto John Waters, mas infelizmente bem menos considerado. 😈😈😈
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1973 Because of the Cats • Grupo de jovens pertencentes a uma elite organizada, se diverte invadindo residências a agredindo os casais moradores. Estranhíssimo drama que só poderia ter sido realizado nos anos 70! Veja o post.
1973 The Candy Snatchers • Trio de marginais sequestra Candy, uma jovem estudante, para extorquir seu padrasto, um comerciante de jóias. O único personagem que pode ajudar é um garoto deficiente que sabe do paradeiro da jovem. Mas nada sai como planejado e a situação toma rumos inesperados para todos os envolvidos. Bizarro filme B, com todas as virtudes e defeitos de sua época: é ousado em algumas passagens violentas (Candy é enterrada logo aos 6 minutos de filme), tem boas reviravoltas de roteiro e desprezo por todos os personagens (ninguém presta em Candy Snatchers), mas acrescenta doses de humor incoerentes e desnecessárias ao conjunto e que enfraquecem o cinismo construído. Alternativo entre alternativos! Variante suspense com final inesperado. Ou uma comédia anárquica. 😈😈
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1974 La Casa Della Paura (The Girl in Room 2A) • Co-produção EUA-Itália das mais sem-vergonha. Depois de cumprir pena, Margaret é liberada do cárcere e arruma moradia em um grande pensionato. Começa a suspeitar que o lugar serve de "fornecimento" de garotas para uma seita que assassina jovens em rituais. Raff Vallone é o líder e a doutrina é: purificação pelo sofrimento em chicotadas e mutilação! Pobretão de recursos, La Casa Della Paura tropeça feio no excesso de falatório, mas é de uma simpatia desajeitada só comparável ao cinema brazuca da mesma época. Impagável com sua naturalidade de ambientes, elenco B, carrasco de capuz vermelho, música brega, pancadaria nível Tony Vieira e o herói chegando de fusquinha para salvar Margaret! 😈😈
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1974 The Centerfold Girls • O veterano coadjuvante Andrew Prine é um fanático religioso que inventa a missão de punir as depravadas que posaram para revistas masculinas e sai em uma cruzada assassina atrás de cada uma delas, selecionadas em seu álbum de recortes. Imagine a satisfação do demente quando invade um casarão afastado onde uma equipe faz fotos eróticas! Suspense B com alguns bons momentos em um conjunto pobretão que compensa a lentidão com cenas de nudez. Narrado em capítulos isolados como episódios. O destaque é a sequência final, a perseguição em um campo de árvores secas na qual a "cult" Tiffany Bolling (que é vilã em Candy Snatchers aí de cima) inverte o jogo. 😈
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1974 House of the Whipcord • Exploit inglês dirigido por Pete Walker. Ann-Marie é uma jovem ingênua, modelo fotográfico e que conhece o enigmático Mark E. Desade (come again, please!) em uma festa. Mark a conduz a um casarão afastado no qual um grupo encarcera jovens "desvirtuadas" para ministrar-lhes a devida punção! E a pobre Ann-Marie terá uma temporada de maus tratos e chicoteamentos até que uma amiga finalmente decide checar sobre seu desaparecimento. Mais ou menos um WIP, com o devido nível B e o mesmo clima doentio e fantasioso das demais produções de Walker no período. Como em outros filmes do diretor, Sheila Keith marca presença como a sádica carcereira. Nota 10 em exploitation! 😈😈😈
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1976 Je T'Aime Moi Non Plus • Outro Gainsbourg, aqui dirigindo um drama que requenta sua canção mais famosa. O ator-modelo-fetiche do alternativo Joe Dalessandro é um caminhoneiro gay que em uma parada em lanchonete de estrada conhece Jane Birkin, magrinha, cabelo curto, parecendo um rapazinho. O interesse é imediato entre os dois excluídos causando ciúme no parceiro de Joe. E o filme navega por cenários decrépitos, strip de tias feias, cenas de amor no chão sujo, depósito de ferro-velho ou em cenários desérticos. Um magnífico exercício que busca a beleza na inversão da estética idealizada. A decrepitude poética. Literalmente: um clássico alternativo. Participação de Gerard Depardieu como o bem-dotado que cavalga um garanhão branco! 😈😈😈😈
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1978 L'Immoralitá • Um filme de premissa exploit e tratamento sério (ou quase...). A garota Simona abriga o fugitivo Federico em uma dependência da enorme mansão de campo em que vive com os pais, sem saber que ele é um pedófilo procurado na região. Recuperando-se de um ferimento em sua fuga, o criminoso inicia uma inusitada amizade com a garota. Lisa Gastoni e Mel Ferrer são os pais da menina. Tema polêmico em desenvolvimento interessante, explora a ideia da inocência que deverá se desvirtuar em um contexto social doente. 😈😈😈
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