17 de fevereiro de 2019

Pete Walker, o anti-aristocrata.

Pete Walker filmsUm curioso caso de diretor que assumiu o cinema B, o esculacho em um meio produtivo que sempre buscou a austeridade formal. No aristocrático cinema inglês as eminências em filme pop-trash são raríssimas e Pete Walker é certamente o nome mais importante do segmento.

Pete Walker
• Nascido em 1937 em Brighton, Inglaterra, Pete era filho de um humorista e uma corista. Iniciou carreira fazendo stand-up em clubes de strip e passou a dirigir comédias eróticas de baixo orçamento nos anos 60. Com o mediano Die Screaming Marianne de 1971 descobriu o thriller como um interessante terreno de criação e retorno financeiro. "Vejo gente com roteiros ambiciosos que ficam dois ou três anos procurando financiamento para seus filmes. Não posso me dar a esse luxo, preciso pagar minhas contas..." (IMDB). E isso faz de Walker um dos poucos atuantes na linha sleazy no mercado britânico, que sempre se caracterizou pela austeridade aristocrática. Na proposta de cinema ligeiro, barato e apelativo, Walker seguiu com uma série notável de filmes de suspense pela década de 70 com pelo menos um grande clássico: Frightmare. Em sua produção assumidamente fantasiosa e doentia, tentou algumas variações formais como em The Comeback e se aposentou em grande estilo com uma das mais divertidas reuniões de astros do gênero em House of Long Shadows de 1983.

Alguns destaques...
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1971 Die Screaming Marianne • Susan George é uma andarilha, fugitiva da família, que luta internamente por uma herança. Suspense fraquinho com muito falatório e situações pouco interessantes. Para se ter uma ideia, a melhor coisa são os créditos retrô com Susan dançando diante de um telão vermelho! 😈
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1972 The Flesh and Blood Show • Grupo de atores faz ensaios em um velho teatro construído em um píer e são ameaçados por um assassino oculto. Walker ingressa no sleazy com este thriller mediano que serviu de modelo estético a seus trabalhos posteriores. 😈😈
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1974 House of the Whipcord • Jovem é sequestrada e levada a uma "casa de correção" com punições ministradas a chicote e confinamento. Sleazy dos bons, já incluído em 20 Perdidos em Uma Década Suja. 😈😈😈
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1974 Frightmare • Casal é libertado depois de cumprir pena e mortes começam a ocorrer. O melhor momento do diretor. Veja o post.
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1976 House of Mortal Sin • A jovem Jenny visita a igreja de sua localidade à procura de um amigo e trava contato com o implacável, irredutível e paranoico Padre Meldrum. Em sua sede de punição moralista o padre irá perseguir a garota e deixar algumas mortes pelo caminho. Um dos melhores do diretor depois de Frightmare. Destaque à figura do padre-vilão que mata com seu incensário e hóstias envenenadas! Um filme fluente, equilibrado, dirigido com vigor e com um final afrontosamente surpresa! Título alternativo, The Confessional. 😈😈😈😈
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1976 Schizo • Lynne Frederick (de Fase IV e No Blade of Grass) é a protagonista, uma jovem recém-casada e que suspeita de uma trama para tentar passá-la por louca. Nem mesmo seu psiquiatra crê nas suspeitas da jovem, mas quando crimes começam a ocorrer, Lynne se convence que corre perigo real. Walker tenta aqui um suspense mais convencional e mainstream. O resultado é mediano e datado. 😈😈
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1978 The Comeback • Um cantor pop tem visões e perturbações que podem enlouquecê-lo. Entre o "estiloso" e o "algo deu errado", um filme de formato único no gênero e na carreira do diretor. Veja o post.
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1983 House of the Long Shadows • Marcante reunião de astros do gênero em um filme que é praticamente um divisor entre a golden age e a produção moderna. Veja o post.

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