21 de maio de 2023

Rock connection

Alice Cooper - Monster Dog


It's only a B movie, but I like it! O namoro entre o rock e o cinema. O apelo, a apelação, a divulgação, um precisa do outro. Seja como conteúdo narrativo ou apenas contando com a participação especial de algum rock star, as ligações entre rock e cinema foram várias e inevitáveis: Jimmy Page havia feito a trilha não usada de Lucifer Rising para o maldito-alternativo-outsider Kenneth Anger, assim como Mick Jagger que havia gravado improvisos em moog para Invocation of My Demon Brother, também de Anger. E na questão atuação tivemos Ringo Star no surreal The Magic Christian e no faroeste The Blindman, Roger Daltrey arriscou o drama carcerário McVicar, Jim Morrison usou e abusou de sua presença teatral e Bowie sempre encarnou personas outras nas telas e nos palcos (de teatro e do rock), tendo inclusive feito O Homem Elefante no teatro.

E no vale-tudo no mercado tivemos os filmes dos Beatles, Kiss e o Fantasma do Parque, Alice Cooper no sofrível Monster Dog, isso para não falar nas adaptações diretas como Tommy (1975) ou The Wall (1983). Algumas participações são pontas ligeiras mesmo, como o Lemmy em Airheads e dirigindo um barco-taxi em Hardware, Deborah Harry em Videodrome, Steve Vai em Crosroads, Lou Reed como um produtor musical no filme de Paul Simon One-Trick Pony ou os Pogues como os bandoleiros de Straight To Hell, ou ainda Iggy Pop de zumbi em The Dead Don't Die e sequestrador de crianças em Atoladero. Mas a lista não pretende chegar ao Jack Black... Tem também as animações Rock & Rule, American Pop, A Ponta de Harry Nilsson e a Ami Dolenz (filha do Mick Dolenz) que fez o terror de insetos Ticks... mas aí já é referência demais... Pulamos a enxurrada de filmes dos anos 50, Elvis, Alan Freed, etc. para a era mais sensorial e politizada das décadas seguintes (e faltou a geração punk... que é outra história)! Então lá vão 20 filmes de ligação rock-cinema! Agora, o que está faltando mesmo é um filme nórdico com o Robert Plant! Por que não fizeram isso ainda!?! 

1967 Privilege • Sempre genialmente politizado, Peter Watkins faz aqui sua visão invertida do impacto catártico do rock na cultura jovem. Uma contra-visão da contra-cultura!!! Paul Jones (o Mick Jagger SQN) faz Steven Shorter, um astro de rock que capitula ao poder vigente e cede sua persona para ser usada em eventos midiáticos e comerciais. A pressão, política e econômica, é tão grande que Steven começa a perder a razão! Incômodo, preocupante e ainda atual como toda a obra do diretor. 🎸🎸🎸🎸🎸

Privilege
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1968 Wild in the Streets • Visão satírica da cultura jovem na qual Max Frost (Christopher Jones), um astro de rock, se lança a candidatura na campanha presidencial e ganha! Os conflitos com seu partido apoiador levam o país ao caos social. Dinâmico e com ótima trilha musical de Les Baxter, é uma produção da American International que aproveitou a onda da cultura jovem mais do que serviu a comentá-la. No elenco, Hal Holbrook como o político que se aproveita da popularidade do astro, Richard Pryor como o baterista do grupo e Shelley Winters como a mãe de Frost, distribuindo sopapos como sua marca registrada. Satírico, mas inconsequente. 🎸🎸🎸

Wild in the Streets
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1968 Head • O "filme dos Monkees". Uma das coisas mais lisérgicas e malucas já registradas e que lançou uma aura diferente nos bons-moços do pop-rock ianque. Ver os inocentes bons-meninos atuando entre cenas de violência da Guerra do Vietnã é de causar um deslocamento sensorial inigualável. Sem um roteiro fixo, o filme é um caótico alinhamento de situações amalucadas que revivem gêneros. Guerra, faroeste, terror, lisergia, drama e, naturalmente, musical se seguem como em um enorme videoclip, antes da invenção do videoclip! Participação de Timothy Carey, Jack Nicholson (o "roteirista" do filme) e do diretor Bob Rafelson, e ainda o veterano Victor Mature. Um filme-evento que capturou muito a atenção em sua época. 🎸🎸🎸

The Monkees - Head
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1970 Performance • James Fox é um agente mafioso que se refugia na mansão de um astro do rock. Enigmas e trocas de personalidade temperam este clássico dos alternativos malditos. Veja o post.
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1971 Zachariah • Bizarrice! Um faroeste-hippie-bicho-grilo! Impossível imaginar esse filme em outro contexto cultural que não o do período. Zachariah e seu amigo Matthew (Don Johnson em seu primeiro destaque) partem em aventuras e se envolvem com a gangue de músicos The Crackers (o grupo Country Joe and the Fish), mas um desentendimento faz com que os amigos se separem e trilhem caminhos diferentes até se confrontarem no final. Participação de grupos de rock que se inserem na ação como executantes da trilha sonora, como James Gang, o baterista Elvin Jones ou o New York Rock Ensemble de onde saiu o futuro compositor de trilhas Michael Kamen. O resultado é um "faroeste musical de rock". Datado mas bem divertido! Supostamente baseado em Sidarta de Hermann Hesse devido ao desencontro dos protagonistas e posterior reunião. 🎸🎸🎸

Zachariah
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1973 That'll Be the Day • Drama na linha proletária do Novo Cinema Inglês, que chegou um pouco atrasado. David Essex é um trabalhador sem chance na vida até que compra uma guitarra. Participação de Ringo Starr como um amigo de trabalho e paqueras. Veja Stardust aí pra baixo. 🎸🎸🎸

That'll Be the Day
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1974 Son of Dracula • Harry Nilsson é um vampiro boa-praça que circula pelas noitadas em bares e pubs, mas está apaixonado e uma transfusão pode torná-lo um humano comum. Produção de Ringo Starr para a Apple Films e direção de Freddie Francis. Deve ter sido muito divertido para quem participou da aventura, mas para quem assiste a pergunta é: por que fizeram isso!?! Alguém aguenta ver o Nilsson com dentinhos de vampiro?! E o Ringo fazendo o Merlin ancião?! Um filme para ser visto com muita vontade cult, ou como um imenso clip musical... Nos números musicais a banda de apoio contou com John Bonham, Peter Frampton, Bob Keyes, Klaus Voorman e Keith Moon! 🎸

Son of Dracula
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1974 Stardust • O que um garoto pobre pode fazer a não ser tocar numa banda de rock? Continuação direta de That'll Be The Day (1973). David Essex é um pobretão sem perspectiva em sua vidinha de subempregos. E depois de desafetos familiares e amorosos, David compra sua guitarra (fim do filme anterior) e parte para vida nos palcos tendo uma ascensão meteórica com seu conjunto. Adan Faith é um parceiro que acompanha a carreira de David até a queda e reclusão da carreira solo. Baseado claramente na "imagética Beatles". Direção de Michael Apted. Keith Moon participa fazendo o papel dele mesmo como o baterista doidão. 🎸🎸🎸

Stardust
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1974 Phantom of the Paradise • Adaptação de O Fantasma da Ópera para o mercado da música pop-rock dos anos 70 em uma manobra genial e muito procedente. A extravagância glitter do período é capturada com eficiência nesta delirante produção que se aproxima do modo Ken Russel de espetáculo. William Finlay é um compositor iniciante que tem suas músicas roubadas pelo mega-produtor Swan (Paul Williams) para a inauguração do teatro Paradise. Compositor e produtor entram em um acordo para que apenas a cantora Phoenix (Jessica Harper) cante as canções, mas uma nova articulação de Swan mudará as trajetórias. Direção de Brian de Palma em um período de experimentações, entre Irmãs Diabólicas e Trágica Obsessão, antes da consagração de Carrie. Estreia de Jessica Harper que, depois de Suspiria e Shock Treatment acabou se tornando uma cult-actress, mas não foi muito além... 🎸🎸🎸🎸

Phantom of the Paradise
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1975 Rock Horror Show • Clássico ícone da extravagância, do cult, do alternativo. Incluído na seleção de Cult Movies.

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