Avisa o Charlie Sheen. Na cultura pop cinematográfica talvez não tenha nada tão provocativo e macabro quanto o folclore dos filmes snuff. A suposição de estar vendo filmagem com crimes e mortes reais também rendeu o filão do found footage, mas em meados dos anos 70 o fascínio de estar vendo realidade foi chamariz em incontáveis filmes, macabros ou não. Era o cinema explorando apelativamente seu próprio folclore e fascínio sobre qualquer um que estivesse disposto a testar sua resistência diante de um espetáculo de gosto suspeito! Peeping Tom de Michael Powell é possivelmente o primeiro meta-exercício sobre o perverso fascínio de contemplar, acompanhar, assistir ao destino alheio como mero espetáculo.
Se em tempos remotos (talvez não tão remotos assim...) as multidões acompanhavam a expiação pública em enforcamentos e no martírio público de torturas em pelourinhos, então o cinema snuff seria uma extensão dessa mesma cultura da morbidez em tempos de mídia eletrônica. Só que o snuff é mais famoso enquanto lenda do que como gênero constituído (ainda bem!) e o termo causa incômodo até quando se fala em Snuff Garrett.
A lenda começa nos filmes trash e filmes B, nos quais era hábito comprar filmagem inacabada de produções falidas, inventar um novo roteiro, dublar o material e aproveitá-lo em alguma produção corrente de recursos financeiros limitados. Woody Allen fez isso, de zoeira, no insano What's Up Tyger Lilly? Lembro também do drama policial A Cobrança (The Swap, 1969) que tem Robert de Niro no elenco, SQN! Filmagens do que parece ser um exercício cênico do ator foram inseridas no filme apenas como flash-backs ocasionais do protagonista!!! Picaretagem que quase rendeu ação legal! Enfim, são exemplos das praticas B da "fábrica de sonhos". Sonhos dos advogados especialmente.
No caso específico do snuff aconteceu que uma falida produção argentina chamada The Slaughter supostamente (sempre supostamente) continha a cena de um crime real. Esse material inacabado foi comprado por um produtor americano e utilizado em um suspense intitulado Snuff. Não satisfeito com a finalização da obra a produção ainda optou por fazer a propaganda do filme destacando justamente a tal cena de "crime real"! Pronto! Cumprida a manobra máxima da cartilha exploit, o resto foi consequência natural, com o título servindo de designação de um possível "sub-gênero" no terror e alternativos. Não demorou para que isso tudo se mostrasse um terreno muito rentável a roteiristas e o snuff foi constituindo sua fama em filmes sobre o tema e também por casos isolados como a morte de um dublê em Shark ou acidentes diversos (sem morte) que foram sendo deixados no corte final de inúmeras produções. Então, dos bloppers de Jackie Chan, aos dublês de Mad Max, tem um monte de coisas suspeitas que foram incluídas nos cortes finais de filmes por aí. Conta-se que a morte acidental de Brandon Lee em O Corvo está incluída no filme em algum ponto de seus tiroteios! Vai saber... E o folclore foi se compondo com diversas produções de pobreza evidente cujo aspecto realista foi sendo investigada por autoridades, como a cena de cães eviscerados em Sette Notte in Nero, ou as mutilações de Buio Omega, ou a polêmica de Cannibal Holocaust, entre diversas outras. E o que dizer daquele caso em que o Charlie Sheen viu um curta da série japonesa Ginnea Pig e denunciou como sendo real?!
A lenda começa nos filmes trash e filmes B, nos quais era hábito comprar filmagem inacabada de produções falidas, inventar um novo roteiro, dublar o material e aproveitá-lo em alguma produção corrente de recursos financeiros limitados. Woody Allen fez isso, de zoeira, no insano What's Up Tyger Lilly? Lembro também do drama policial A Cobrança (The Swap, 1969) que tem Robert de Niro no elenco, SQN! Filmagens do que parece ser um exercício cênico do ator foram inseridas no filme apenas como flash-backs ocasionais do protagonista!!! Picaretagem que quase rendeu ação legal! Enfim, são exemplos das praticas B da "fábrica de sonhos". Sonhos dos advogados especialmente.
No caso específico do snuff aconteceu que uma falida produção argentina chamada The Slaughter supostamente (sempre supostamente) continha a cena de um crime real. Esse material inacabado foi comprado por um produtor americano e utilizado em um suspense intitulado Snuff. Não satisfeito com a finalização da obra a produção ainda optou por fazer a propaganda do filme destacando justamente a tal cena de "crime real"! Pronto! Cumprida a manobra máxima da cartilha exploit, o resto foi consequência natural, com o título servindo de designação de um possível "sub-gênero" no terror e alternativos. Não demorou para que isso tudo se mostrasse um terreno muito rentável a roteiristas e o snuff foi constituindo sua fama em filmes sobre o tema e também por casos isolados como a morte de um dublê em Shark ou acidentes diversos (sem morte) que foram sendo deixados no corte final de inúmeras produções. Então, dos bloppers de Jackie Chan, aos dublês de Mad Max, tem um monte de coisas suspeitas que foram incluídas nos cortes finais de filmes por aí. Conta-se que a morte acidental de Brandon Lee em O Corvo está incluída no filme em algum ponto de seus tiroteios! Vai saber... E o folclore foi se compondo com diversas produções de pobreza evidente cujo aspecto realista foi sendo investigada por autoridades, como a cena de cães eviscerados em Sette Notte in Nero, ou as mutilações de Buio Omega, ou a polêmica de Cannibal Holocaust, entre diversas outras. E o que dizer daquele caso em que o Charlie Sheen viu um curta da série japonesa Ginnea Pig e denunciou como sendo real?!
Black Phillip fez aqui sua busca de alguns filmes ligados ao folclore snuff ou que beberam dele para seus roteiros...
1975 Snuff • É esse! A culpa é dele! Aproveitando metragem comprada de uma produção argentina este clássico do cinema doentio explora a fama dos grupos desgarrados (como a Família Manson) em seu roteiro pobrinho. Satan é o líder de uma gangue hippie de garotas que se infiltra em famílias milionárias para desestruturações e violências. Uma pérola do underground e até divertido pelas ousadias típicas do cinema independente, mas é tão amador em direção e elenco que não passa da curiosidade. O mais interessante é o epílogo que sugere um filme-dentro-do-filme com uma das atrizes sofrendo mutilações e eviscerações (uma cena tão mal filmada que passou por real e serviu a intensificar as polêmicas sobre o gênero!) Entre as curiosidades, muitas cenas de carnaval de rua, provavelmente filmadas no Brasil, com marchinhas cantadas em português! 👿
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1977 Snuff, Vítimas do Prazer • Pioneiro drama-chanchada no gênero, sobre inescrupuloso produtor que junto a um investidor americano pretende filmar a produção mais realista que já se viu no mercado alternativo. Mortes e violência reais estão na receita mantida em segredo pelos realizadores enquanto o elenco se submete a um ator central recém-saído de um manicômio! No elenco Rosana Ghessa, Carlos Vereza, Nadir Fernandes e Canarinho. Divertida e dinâmica investida dirigida por Claudio Cunha com auxílio de Carlão Reichenbach no roteiro. Pena que não escapou do modelo chanchada dramática, mas colocou o Brasil no mapa do snuff! 👿👿
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1979 Special Effects • Um dos mais interessantes filmes do mestre do cinema B Larry Cohen. Pretendente a atriz acaba aprisionada para uma filmagem clandestina por um diretor criminoso. Veja em Larry Cohen.
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1988 Evil Dead Trap • Repórter televisiva recebe uma fita contendo um suposto crime real registrado em VHS. Quando sua equipe investiga o caso, fica perdida em um enorme complexo industrial abandonado e são caçados por um misterioso assassino encapuzado. Divertido sleazy japonês com tudo o que teve de ruim na produção dos anos 80! 👿👿
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1995 Mute Witness • Ótimo suspense em coprodução EUA/Rússia. Billy é uma jovem muda, maquiadora a serviço de uma equipe americana filmando na União Soviética. Ao fim de um dia de serviço ela fica trancada no velho estúdio e presencia uma filmagem clandestina que termina em assassinato. Thriller exemplar em detalhes, atmosfera e acabamento técnico que só perde a força nos alívios cômicos que quase desequilibram a produção. 👿👿👿
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1996 Tesis (Morte ao Vivo) • Jovem estudante prepara uma tese sobre a violência no cinema e se depara com um colega de turma bastante suspeito. Primeiro filme de Alejandro Amenabar. Veja em Primeiros Passos.
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1999 8 MM • Nicolas Cage antes de ficar doidão na produção contemporânea faz aqui um policial que tenta localizar uma garota desaparecida e se infiltra no submundo da pirataria em vídeo e comércio ilegal de filmagens. As pistas vão aparecendo no dedicado trabalho do policial, mas seu equilíbrio emocional ameaça se perder no processo. Grande suspense da fase boa de Joel Schumaker. 👿👿👿
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2003 Snuff Killer, La morte in Diretta • Bruno Mattei sendo Bruno Mattei, então já sabe né? Michelle é casada com um influente politico e quando a filha dele é raptada por agentes da indústria pornográfica, ela se infiltra no submundo em busca da garota. Muita nudez e nível amador onde, ironicamente, o extreme é o óbvio lugar comum e o realismo só acontece nas filmagens em espaços públicos de estações, hotéis, e lojas. 👿
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2004 The Great American Snuff Film • Baseado nos crimes de uma suposta metragem encontrada, este é um daqueles filmes amadores que tentam inserção e exposição, mas nem todos têm o talento de uma Bruxa de Blair. Aqui, dois amalucados raptam pessoas em estradas interioranas e se divertem torturando e filmando o sofrimento das vítimas em Super-8. Interessante até, mas demais amador. Poderia ter sido um curta bem legal, mas estender seu conteúdo por oitenta minutos (e colocar a suposta metragem real nos cinco minutos finais) não deu muito certo. 👿
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2005 Snuff Movie • Bernard Rose, diretor famoso pelo Candyman original, tem tido seus altos e baixos artísticos sendo impossível prever o que vem a cada novo filme que dirige. Este suspense esquisitão estrelado por Jeroem Krabe, conta sobre um diretor de cinema de horror que planeja sua volta com uma produção realista. Para isso, reúne seu elenco em uma mansão onde diversas câmeras ligadas irão gravar as ações naturalmente e logo as tensões e violências irão dominar os envolvidos. Interessante em algumas partes, absurdamente amador em outras. 👿
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2007 Snuff 102 • Uma jovem estudante investiga casos de desaparecimento ligados à produção clandestina de filmes e acaba aprisionada por um maníaco que registra torturas em sua câmera. Produção argentina que faz um involuntário full circle com o "clássico" de 1975. Insere cenas de outras produções e cenas reais de violências com animais. Na intenção ao realismo e anti-linearidade narrativa, o filme usa muita captura digital e naturalismo. O resultado é uma maratona de cenas granuladas, eficientes para a exaustão visual, mas demoradas para cumprir os 100 minutos de filme (!) 👿
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2007 Vacancy • Casal em viagem fica retido em um motel de estrada que serve de fachada a atividades criminosas. Suspense bacana que se mantém muito bem na média atual. Veja o post.
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2008 Untraceable (Sem Vestígios) • Gênio criminoso exibe mortes por um site impossível de ser rastreado. Eficiente suspense-pop na linha de Seven. Veja o post.
2010 Serbian Film • Controvertido e polêmico, Serbian Film se valeu do escândalo que provocou, mas é um filme que se prejudica pela própria pretensão. Veja o post.
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2019 The Final Scream • Atores são atraídos a uma suspeita produção em espaços remotos. Veja em Depósito de Filmes Ruins.
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| Então, era tudo mentirinha?!.... |
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