É pra isso que eu pago Internet! Antigamente tínhamos que ficar atentos à programação dos guias de TV e esperar por reprises de filmes para conhecer pérolas esquecidas pela programação das madrugadas. Quando chegou o mercado de vídeo em meados dos anos 80 foi a glória: todos os filmes do mundo finalmente disponíveis ao fanático incurável por podreiras e por clássicos ausentes da TV e do cinema. Só que não! Os acervos em VHS dependiam de investimento e de cópias negociadas em feiras internacionais para que chegassem às nossas prateleiras de locadoras com um mínimo de qualidade em imagem e legendagem.
Teve muita coisa rara disponibilizada para a cultura do fã demente, mas tudo lançado sem critério ou a devida informação e muitos (como este redator) tiveram que se aventurar por sebos na busca por itens obscuros que não apareciam nos guias oficiais.
E finalmente – agora sim – depois do advento da ampla rede mundial digital, pudemos acessar todos os filmes do mundo... Mais ou menos. Ainda não... Ainda estou tentando achar uma fonte para Microscopic Liquid Subway to Oblivion de 1970 ou a série policial alemã St. Pauli ou o suspense To Kill A Stranger, que até saiu em vídeo, mas hoje é uma raridade.
Mas então, uma vez que as filmografias ficaram mais acessíveis nestes tempo digitais de reedições decentes (teve coisa tão porcamente lançada no tempo do VHS que nem dava pra ver direito...) que as revisões e listagens por gênero vão sendo feitas em pesquisas mais consistentes.
Aqui vai então o Felipe Preto com uma série de curiosidades mais ou menos boas que ficaram à deriva de revisões e que talvez nem mereçam uma postagem própria, mas também não merecem a lata de lixo da história do cinema B, então integraram esta lista, meio parecida com aquela Vingança dos Derrotados.
1966 Il Terzo Occhio • Entre os góticos do período e o sucesso dos giallos na década seguinte, este thriller ficou meio esquecido. Franco Nero (creditado como Frank Nero) é o Conde Mino, que vive sob o controle de sua mãe dominadora e os conflitos de um noivado indesejado. As tragédias que se seguem fazem com que ele enlouqueça e comece a levar uma vida de perversões e crimes. Intrigante suspense pontuado por excessos violentos, uma evisceração explícita de uma ave (Franco é taxidermista) e um final trágico. 😈😈😈
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1969 I Start Counting • Suspense dramático sobre amadurecimento. Jenny Agutter é Wynne, uma adolescente em fase de descobertas amorosas que suspeita que seu tio, morando temporariamente com a família e por quem ela tem um interesse inconfessado, pode estar envolvido nas mortes que ocorrem pela cidade. Muito drama e pouco suspense em resultado tecnicamente correto, mas um pouco distante das convenções do thriller britânico. Participação rápida de Phil Collins como sorveteiro em uma cena no parque. Fãs do pop britânico podem encarar sem medo. 😈😈
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1972 L'Occhio Nel Labirinto • Suspense mediano que escapa a padrões. Julie é uma jovem em tratamento psiquiátrico e quando seu médico desaparece ela se empenha em encontrá-lo, mas pode estar se infiltrando em uma rede de perigos e assassinatos. Pioneiro nas tramas de inversão de realidades, L'Occhio Nel Labirinto é um suspense medianamente divertido que perde um pouco o rumo no dia-a-dia ocioso de um grupo de milionários, mas cresce na parte final com a decifração do mistério e mortes sangrentas. Alida Valli, Adolfo Celi e Horst Frank no elenco. Uma curiosidade entre o giallo e a tradição do thriller investigativo. 😈😈😈
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1972 The Asphyx • Sir Hugo é um cientista na Inglaterra vitoriana que descobre, em um acaso fotográfico, uma entidade espiritual que conduz a alma de uma pessoa no momento da morte. E se essa entidade puder ser isolada em um recipiente, é possível que a pessoa alcance a imortalidade! Sir Hugo tenta experimentos diversos até que decide testar as teorias em si mesmo! Produção inglesa despretensiosa e até ingênua em sua premissa e desenvolvimento, mas que merece todos os elogios cabíveis por sua atmosfera e estética impecáveis. Um pequeno clássico de sua era. 😈😈😈
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1973 Seven Deaths in the Cat's Eyes • Imperdível "kitsch gótico" com Jane Birkin e Serge Gainsbourg. Jane é Corringa (ô, coitadinha!), uma jovem que muda-se para o castelo onde mora sua família e logo se vê entre mortes misteriosas dos que ali vivem ou frequentam, cuja única testemunha é um gato angorá que circula pelos corredores e subterrâneos do imenso lugar. Gótico e suspense abaixo da média do período onde o mais legal é ver Serge Gainsbourg fazendo o detetive clássico de casacão e luvas! 😈😈
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1973 Nothing But the Night • Divertido suspense B inglês sobre um grupo secreto e transmigração de almas! Com Peter Cushing e Christopher Lee. Veja o post.
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1975 El Asesino de Muñecas • Bizarrice estética que tenta uma aproximação aos giallos italianos, assim parece, ou foi só uma tentativa de produzir uma esquisitice de horror em uma época de liberdades formais. Paul é o jovem filho de um jardineiro que trabalha na mansão de uma baronesa. Ele tem traumas de infância pelos maus tratos da mãe e desenvolve uma personalidade dupla (menino-menina) que o leva a assassinar fantasiado com uma máscara feminina. Interessante é que não se faz mistério com sua identidade desde o início e o filme alinha uma série de situações episódicas desastrosas pelo elenco amador, direção neutra e edição de som estranhíssima. Uma pérola do cinema ruim. 😈
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1977 The Haunting of Julia • Mia Farrow é Julia, traumatizada pela perda da filha adolescente em um acidente banal e oprimida pelo marido (Keir Dullea), até que decide mudar de residência e viver sozinha. Mas nesse local, descobre que uma morte semelhante à de sua filha ocorreu e o espírito da jovem pode estar ainda habitando o local. Terror na boa média de sua época que surpreende em sua cruel conclusão. Baseado em livro de Peter Straub. 😈😈😈
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1979 L'Isola Degli Uomini Pesce (Ilha dos Homens Peixe) • Grupo de náufragos chega a uma ilha onde um cientista faz experiência genéticas em humanos. Mais ou menos uma variação de A Ilha do Dr. Moreau. Produção B onde tudo funciona direitinho, foto, dinâmica, suspensão fantasiosa e mesmo os monstrengos capenga não atrapalham. Uma perfeita aventura de matinê. No simpático elenco: Barbara Bach, Claudio Cassinelli, Richard Johnson e participação de Joseph Cotten. 😈😈😈
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1979 Tourist Trap • Talvez a melhor coisa que o produtor Charles Band e o diretor David Schmoeller tenham feito na vida! Um cult nível B que rende incrivelmente bem em cada momento. Grupo de jovens em passeio pelo interior conhece o dono de um antigo museu de figuras históricas. O lugar está desativado, o proprietário é meio suspeito e tem um irmão recluso que tem poderes telecinéticos. E logo, Terry e suas três belas amigas estarão à mercê dede ameaças mortais. Produção mediana, mas repleta de virtudes em sua boa atmosfera, boa ambiência rural, manequins e bonecos apavorantes e surpresas constantes. Participação de Tanya Roberts, mais linda do que nunca, e do esquisitão Chuck Connors, bem adequado em sua simpatia sinistra. 😈😈😈
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1980 Aquella Casa en Las Afueras • Nieves é uma jovem recém-casada e quando se muda como o marido para a nova residência, reconhece o lugar como uma velha clínica clandestina onde ela esteve internada. Entra em cena a governanta Isabel (a veterana Alida Valli) e Nieves começa a ter delírios e suspeitas. Suspense corretinho que tem a construção de ambiência como sua maior qualidade. Melhor momento (spoiler): Alida Valli apunhala a garganta de Carmen Maura! Dirigido por Eugene Martin (Horror Express, Una Vela Para El Diablo). 😈😈😈
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1982 The Final Terror • Um modesto slasher in the woods dirigido por Andrew Davis, que mais adiante faria seu nome como grande diretor de ação em filmes como The Package, Força em Alerta e O Fugitivo. Conta a aventura de um quarteto de guias florestais que orienta um grupo de garotas em férias em acampamentos pela floresta. Mas um assassino que habita a região começa a atacá-los. Pois bem, a premissa é essa pobreza, o body count é mínimo e nem caracteriza um slasher, mas o filme tem uma excelência tão marcante em ambiência e autenticidade visual pelas florestas e rios que é destacável como um dos melhores de seu gênero. Alternando suspense noturno e belas cenas diurnas na fuga dos personagens pela mata, The Final Terror é um "filme temático", um "clássico estético", que se tivesse derramado mais sangue e incluído mais mortes, estaria facilmente entre os melhores dos anos 80. 😈😈😈
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1983 Curtains • Lançado aqui lá pelo início da cultura do home-video, este suspense estilizado é uma curiosidade que ficou na história. Mesmo não sendo grande coisa, é uma interessante variação estética na produção ianque, aqui tentando uma aproximação a modelos europeus (mais especificamente, os filmes de Dario Argento). O veterano John Vernon é um diretor que reúne grupo de atrizes em um casarão, isolando-as para ensaios e preparação emocional. Logo, uma misteriosa figura mascarada começa a matá-las uma a uma. Samantha Eggar no elenco. Apesar da lerdeza geral, o suspense consegue construir atmosfera e inserir alguns bons sustos. 😈😈
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1983 Siege (A Noite do Desespero) • Grupo armado invade um bar gay e executa os presentes, mas um deles escapa e se refugia em um velho condomínio. Com clara influência de Straw Dogs, Siege é um pequeno grande thriller que parte da obviedade extrema da situação geral, para um ótimo entretenimento doente por sua tensão narrativa e sufocante claustrofobia. Pobretão de recursos e de elenco, mas de especial valor aos saudosistas dos anos 80 por sua estética B e trilha techno-abstrata. 😈😈😈😈
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2016 I Am Not a Serial Killer • O jovem John Wayne Cleaver trabalha de ajudante nos serviços funerários de sua família (especialmente embalsamamento) e a rotina do serviço pode estar lhe causando transtornos de comportamento. Uma série de crimes ocorrem em sua cidade e quando ele suspeita do velho sr. Crowley (Christopher Lloyd), começa a investigar sua real identidade. Suspense satírico que opta pela sutileza narrativa e envolvimento gradual na trama que integra horror, drama e até ficção científica nas revelações finais. 😈😈😈
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