3 de julho de 2022

Sonho Eterno

Peter Ibbetson (EUA, 1935)

Diret Henry Hathaway
Com Gary Cooper, Ann Harding, John Halliday, Ida Lupino, Douglass Dumbrille, Donald Meek, Doris Lloyd.

Peter Ibbetson

"Não se vê apenas com os olhos. A visão acontece internamente."

Golden Age fora da caixa. Fantasia incomum que escapou a modelos da época. Gary Cooper é Peter Ibbetson, um bem-sucedido arquiteto na Londres do século XIX, que reencontra Mary, uma paixão infantil, mas ela está casada e bem situada. O reencontro desestabiliza os dois provocando ciúme no marido milionário dela e a situação se desenrola tragicamente.

A tragédia decorrente leva Ibbetson ao cárcere e Mary tem sua saúde comprometida. Ele se entrega a greves de fome no cárcere e ela definha pelos cômodos de seu casarão, até que ambos começam a se comunicar inconscientemente. O estado de suspensão de consciência os leva a uma via de comunicação paralela, insinuada em alguns momentos do filme, como na conversa com o empreiteiro chefe: "Não se vê apenas com os olhos. A visão acontece internamente". Ou no sonho diante das grades: "Você não entendeu, estamos sonhando juntos". Mas Peter ainda precisará se convencer e superar algumas convenções que atuam como impedimentos ao inconsciente desconhecido.

E somos assim jogados em uma narrativa diferenciada que beira o experimental. Algo notável na produção hollywoodiana, especialmente a do período. O desprendimento estético e emocional situam o filme de forma incomum, principalmente se comparado a outras fantasias próximas como Que Espere o Céu (1941), O Diabo Disse Não (1943) ou Neste Mundo e no Outro (1946).

Peter Ibbetson

Repleto de imagens oníricas com belezas e desafios incorpóreos, na segunda metade, Peter Ibbetson é uma raridade hollywoodiana, um atalho na média formal que sempre orientou a produção norte-americana e uma grata surpresa a quem se aventura regularmente pelo cinema golden age.

• Baseado em livro de George Du Maurier, avô de Daphne Du Maurier.
• Curiosamente, antecede Morro dos Ventos Uivantes, que foi feito depois e com o qual guarda semelhanças (mas o romance de Emily Bronté é anterior...)
• André Breton, o patrono do surrealismo, o destacava como um de seus filmes favoritos.

Expectativa 😈😈     Realidade 😈😈😈

Peter Ibbetson

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