Molecada mizerávi! A palavra "moleque" é uma variação do nome do deus pagão Molok?! Há controvérsias, mas seria muito legal se fosse verdade. O capeta em forma de guri. A dessacralização da suposta pureza e inocência infantil rendeu uma linha de criações exploitation em diversas linhas da cultura pop. De Max Und Moritz (Juca e Chico) e Denis, o Pimentinha a Macaulay Culkin em Anjo Malvado, as crianças do mal são garantia de polêmica.
Crianças marginalizadas também foram assunto controverso em tempos supostamente mais civilizados. Alguns filmes que levantaram a questão do envolvimento de crianças com marginalização ou violência, foram especialmente incômodos em sua época como Jeux Interdits (Brinquedo Proibido), Los Olvidados (Os Esquecidos), Vá e Veja ou Les Quatre Cents Coups (Os Incompreendidos). Para a produção moderna, mais especificamente no exploit mercadológico, The Bad Seed – tanto o livro (1954) quanto o filme (1956) – foi mais ou menos um marco inspirador. E depois do clássico Village of the Damned (Aldeia dos Amaldiçoados, 1960) estava aberta a temporada para a criançada entrar para o fantástico.
Esse atalho ao cinema fantástico teve incontáveis desdobramentos que oscilaram do genial ao oportunista, como seria de se esperar no terror, gênero de clara fundamentação exploit. Para estabelecer critérios vamos deixar de fora casos como o garoto Damien, que em A Profecia não era exatamente o principal agente do mal, assim como outros filmes que fizeram com que a ameaça infantil se consumasse apenas em grupo: Lord of the Flies, Eles ou Children of the Corn, por exemplo. Aqui o destaque é da ameaça individualizada, ou reduzida, para cumprir a lista. Aí vão 20 filmes de antídoto ao dia da criança!
1970 Mais De Nous Delivrez Pas Du Mal • Anne e Lore são duas adolescentes muito amigas, em período de férias de seu internato católico. Descobrindo seu corpo e sua sexualidade, as duas se empenham em brincadeiras perigosas de provocação. Renegando as bases educacionais restritivas de sua escola, simulam uma comunhão satanista e passam a realizar ações cada vez mais destrutivas e criminosas. Ousada produção francesa repleta da incorreção permitida em seu tempo, com crueldade animal e erotização com as jovens atrizes. A sequência de sedução com o motorista à deriva na estrada, seria impensável no cinema atual. 👿👿👿
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1972 The Other (A Inocente Face do Terror) • Clássico do fantástico moderno, baseado em livro do ator Thomas Tryon, que escapou da abordagem satanista posterior a Bebê de Rosemary. Niles e Holland são irmãos gêmeos vivendo na ambiente paradisíaco da fazenda da família até que acidentes misteriosos começam a ocorrer. Vovó Ada tenta manter a sanidade de Niles e desvendar a situação por trás dos ocorridos, mas Niles pode não estar preparado para a verdade. Refinado e envolvente terror dirigido por Robert Mulligan logo após o sucesso de Summer of 42. 👿👿👿👿
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1974 Devil Times Five • Cinco crianças escapam de um transporte que se acidenta em uma estrada coberta de neve. Vagando pela região, encontram abrigo na casa de um industrial que ali passa a temporada com a família e empregados. O suspense é que as crianças são internas de um manicômio e reagem com violência quando confrontadas. Talvez não haja nada mais sofrível do que um trash ianque dos anos 70. E aqui cumpre-se a cartilha do cine-tormento em uma direção frouxa, atores medianos e enrolações (cenas de amor e falatórios). Melhor morte: piranhas na banheira! 👿
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1976 Alice Sweet Alice • Crimes em um condomínio podem estar sendo cometidos por uma adolescente. Produção B que acabou virando cult por alinhar qualidades e tropeços em um resultado apreciável. Veja o post.
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1976 Quien Puede Matar a Un Niño? (Os Meninos) • Este é tão importante no gênero que teve que entrar apesar da criançada em grupo. Casal em visita a uma ilha no Mediterrâneo descobre o lugar sem adultos e habitado apenas por crianças. Clássico do fantástico moderno que marcou época com sua contundência. Veja no post.
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1976 The Little Girl Who Lives Down the Lane • Suspense discreto com roteiro do mesmo autor do romance, Laird Koenig. Jodie Foster (no mesmo período de Taxi Driver), marca presença com sua frieza expressiva e o dentinho lascado como a misteriosa Rynn Jacobs, recém chegada a uma cidadezinha junto a seu pai, escritor. Mas o senhor Jacobs nunca é visto, está sempre ausente ou trabalhando e suspeitas começam a cair sobre a jovem Rynn. Impecável produção que se mantém muito bem com seus tempos lentos, conceito teatral e construção sobre expectativa e mistério mais do que tensão nervosa. Uma cena de nudez estava cortada na cópia de TV. 👿👿👿
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1976 Cria Cuervos • Drama de sucesso do diretor Carlos Saura que destacou a jovem atriz Ana Torrent (de Tesis). Ambientado no fim da ditadura franquista, o filme viaja pelos devaneios da menina Ana, e suas duas irmãs, depois do falecimento dos pais e guarda por uma tia. Sob imposições morais de comportamento, Ana desenvolve aversão pelos adultos e fantasias de morte. O legado do patriarcado militar é a desinformação, a dúvida e o medo como bases de formação para as meninas e toda sua geração. Marcado por sutilezas, como a alienação da geração anterior (a avó catatônica) e o mundo dividido por cartazes publicitários e pichações, conta ainda com Geraldine Chaplin como a mãe de Ana e Ana adulta. Na época o filme ainda divulgou o sucesso da cantora juvenil Janette com o hit Por Que Te Vas. 👿👿👿
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1977 Cathy's Curse • Produção franco-canadense esquecida pela história e por um bom motivo: com exceção da foto decente, o filme é um desastre completo. Conta sobre a possessão da garota Cathy pelo espírito de uma menina morta em um acidente automobilístico há décadas e manifestado em uma boneca. Cathy's Curse é um teste de resistência para qualquer fã de cinema B ou trash por sua direção inexpressiva, atores ruins, efeitos e música pobres em uma sucessão de momentos sofríveis. A melhor cena são as cobras e aranhas reais em um delírio alcoólico induzido pela menina possuída. 💣
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1979 The Orphan • David é um rapaz que perdeu os pais em um trágico evento e seu convívio com parentes e empregados do casarão da família passa por um crescente conflito que conduz o garoto à violência. Drama interessante sem a carga exploit habitual ao gênero "criança maligna". Sustenta-se especialmente pela atuação do jovem Mark Owens como o perturbado David. 👿👿
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1980 The Children • Em uma cidadezinha americana grupo de crianças é contaminada em um misterioso nevoeiro e adquirem o poder de matar. Seu contato físico causa queimaduras mortais! Produção da Troma ainda em fase pré-esculacho-assumido, mas sempre em nível trash. As referências claras aqui são A Fúria e Aldeia dos Amaldiçoados. Sem maiores justificativas (e novamente apelando à contaminação química como marca da produtora) as crianças simplesmente partem para a ação contra os adultos e familiares. The Children tem a cidade menos populosa do planeta, tem criança rindo com as mãos decepadas, e tem elenco e direção em nível amador. Mas tornou-se cult somando pontos históricos no catálogo da produtora. 👿
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1981 Kiss Daddy Goodbye • Casal de irmãos com poderes mentais usa o corpo de seu pai assassinado como agente de vingança contra marginais. O ex-ídolo-teen Fabian é um policial local que investiga as mortes. Participação de Marilyn Burns (Massacre da Serra Elétrica). Produção B de rendimento mediano, esquecida pela memória do cinema tranqueira. 👿
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1981 Bloody Birthday • Curtis, Debbie e Steven têm em comum o inusitado fato de terem nascido sob um eclipso solar. Quando crescidos tornam-se assassinos em sua comunidade, não poupando nem mesmo parentes próximos. Curtis é o pior e quando rouba a arma de um policial, começa a matar livremente, jovens namorando em furgão, professora chata e qualquer testemunha das ações do trio. Mediano suspense no limite do trash que se sustenta nas situações amalucadas em um formato perfeito para a era do home-video que então se anunciava. Um clássico exemplo do "tão ruim que é bom". Desleixado, mas divertido. Melhor momento: a perseguição no ferro-velho! 👿👿
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1983 Julie Darling • A adolescente Julie é a filha única de um casal bem situado. Ela tem seus gostos e comportamento diferenciados, só tem uma amiga, tem uma pithon de estimação, e tem uma paixão secreta pelo pai (Tony Franciosa). Quando sua mãe é agredida em casa por um invasor, Julie negligencia a defesa e quando o pai encontra um novo amor, a adolescente começa a tramar contra a intrusa e seu filho pequeno. Mais drama do que suspense, Julie Darling é monotonamente correto em sua narrativa óbvia. Descontando alguns momentos mais pesados, poderia ter passado como filme de TV. Participação de Sybil Danning. 👿👿
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1989 Beware: Children at Play • Mais um da Troma. Agora sobre garoto que se perde na floresta quando o pai fica preso em uma armadilha de caça. Para sobreviver, o garoto eviscera o pai e se alimenta! (Troma sendo Troma). Anos mais tarde, ele se tornou um líder selvagem de um grupo de crianças fugitivas que atacam os adultos da cidadezinha próxima. Nível amador e lentidão narrativa comprometem geral (mesmo para os padrões da produtora!). Termina com o mais desajeitado massacre jamais filmado. Vale pela incorreção e cara-de-pau, pena que seja tão amador. 👿
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1992 Mikey • Suspense bacana nos moldes da "era VHS". Mikey é um jovem adotado que reage agressivamente quando contrariado em suas vontades. Superinteligente e ardiloso, Mikey é adotado a cada família chacinada com a qual conviveu, até que uma professora (Ashley Lawrence de Hellraiser) desconfia do garoto e investiga o passado. O filme fica entre um válido estudo de comportamento – nas tentativas de adaptação do menino – e o exploit corriqueiro, mas é suficientemente bem produzido para manter o interesse. 👿👿👿
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1994 Paperboy • Suspense convencional com bom rendimento e momentos marcantes. Conta sobre o adolescente Johnny, que perdeu a mãe recentemente, vive com o seu pai e trabalha entregando jornais pela região. Mas Johnny tem seus desvios violentos e motivações muito particulares e quando tenta se aproximar de uma vizinha, na constituição de uma possível nova família, transforma a vida dela em um inferno de perseguição e ameaças. Participação de William Katt, como o namorado da vizinha. Destaque ao jovem Marc Marut se esforçando no papel do dissimulado Johnny. 👿👿👿
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2009 Caso 39 • Rene Zellweger é uma agente social que se empenha em resolver o drama de Lilith, uma adolescente vivendo em um lar com pais desequilibrados. Depois de assumir a guarda da garota sua vida entra em uma espiral de crescente loucura até descobrir a verdade sobre a jovem misteriosa. Terror mediano que escapa elegantemente dos clichês óbvios (jumps, violência), mas que não vai além do convencional. Ian McShane e Bradley Cooper no elenco e destaque à jovem Jodelle Ferland como a misteriosa Lilith. 👿👿👿
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2008 The Children • Dois casais e seus filhos se reúnem numa fazendo para festejos de fim de ano. Com exceção da jovem Casey, as crianças começam a dar sinais de irritabilidade e agressividade crescentes. Suspense decente que faz referência a filmes como Os Meninos e Aldeia dos Amaldiçoados. A alteração das crianças pode ser uma contaminação e parece se alastrar gradualmente. Com direção segura e narrativa bem cuidada em sua tensão crescente, cumpre sua proposta de forma idônea. 👿👿👿
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2016 Shut In (Refém do Medo) • Naomi Watts cuida de seu filho, catatônico depois de um acidente automobilístico, em uma casa isolada pela neve, mas ao assumir o auxilio a um garoto surdo acaba ficando à mercê de sua personalidade instável e violenta. Suspense mediano que erra ao tentar ser enfático com situações pouco surpreendentes. O sufoco maior parece ter sido mesmo o do diretor em desesperadamente manter um suspense que não se sustenta muito bem. Naomi merecia coisa melhor. 👿👿
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2021 The Innocents • Grupo de quatro crianças desenvolve poderes mentais e as consequências serão trágicas. Produção europeia, acima da média. Veja o post.
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Veja mais pivetada na molecagem
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