15 de maio de 2018

Desafio do Além

The Haunting (EUA, 1963)

Diret Robert Wise
Com Julie Harris, Richard Johnson, Claire Bloom, Russ Tamblyn.

Desafio do Além

– A presença de vocês pode estimular as estranhas forças que ocorrem aqui.
– Seremos como iscas vivas?

A melhor casa suspeita. Richard Johnson é um antropólogo que reúne um grupo de pessoas para uma temporada no velho e sinistro casarão Hill House. Sua intenção é a aproximação científica dos eventos, a curiosidade analítica e a possível constatação de fatos. Richard pode estar catalogando um dos maiores fenômenos na área pouco explorada da espiritualidade. Mas... a monumental construção que acumula histórias de loucura e morte desde o século XIX, irá fazer um estrago muito maior nos corações e mentes dos presentes. Muito mais do que mover objetos ou fazer contato com poltergeists, Hill House tem um poder notável sobre os mais instáveis e isso dá uma lógica preocupante para o desenvolvimento do drama.

Tanto o filme quanto a casa estarão interessados especialmente no personagem neurótico e traumatizado de Julie Harris. Ela é a condutora e legitimadora dos eventos sobrenaturais e da atmosfera opressiva que dominará o filme. Ela é uma vilã involuntária cujo destino será procedente, apesar de injusto.

Desafio do Além
"...a house that was born bad..."

Um dos maiores filmes do cinema de terror, baseado no clássico literário de Shirley Jackson, e um dos filmes preferidos do próprio diretor Robert Wise, The Haunting é assombroso ainda hoje pela sutileza na construção do medo e no envolvimento dos personagens. Enquanto Julie, em sua fraqueza emocional se entrega quase que imediatamente ao pavor e desequilíbrio, Johnson se mantem metódico e distante em sua intenção analítica. E o filme consegue imergir o espectador por sua intransponível foto em preto-e-branco criando um notável senso de sufocamento e enclausuramento, como um mundo à parte. 

O show maior é da cenografia e design de cena com a profusão de estátuas e faces incrustadas em colunas e mobília como inserções, intrusões na realidade dos personagens. Assim como detalhes enigmáticos (como o close do olho de um peixe no jantar) e a desorientação espacial nos espelhos refletindo e alterando espaços da casa. Os detalhes art-nouveau que formam um rosto deformado na parede, conforme a incidência de luz, também foram muito bem aproveitados em um longa sequência de pavor.

Alguns truques técnicos cujo significado não é percebido pelos personagens mas são óbvios para o espectador, como o close na estátua depois que o elenco saiu ou a súbita mudança de ângulo sobre a cama de Julie, aprofundam o mistério reinante em um artifício técnico incômodo que dispensa o susto barato (a fraca refilmagem de 1999 errou justamente no excesso pirotécnico). Um filme repleto de sensações em suas sutilezas técnicas e dramáticas.

• Melhor suspense: a escada espiral.
• Um dos raros efeitos especiais é a porta (de borracha) que parece respirar!
• Curiosa participação de Lois Maxwell a Miss Moneypenny, secretária de James Bond.
• A narração da abertura é precursora de Texas Chainsaw Massacre.
• Veja um clip aperitivo.

Black Phillip já sabia 👻👻👻👻👻

Vidas amargas, almas amargas....

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