A Vastidão da Noite

The Vast of the Night (EUA, 2019)

Diret Andrew Patterson

Com Sierra McCormick, Jake Horowitz, Gail Cronauer, Mark Banik, Cheyenne Barton, Mallorie Rodak.

"Há algo no céu, senhora."

"Eu sei. É sobre isso que quero falar."

Reciclagem pop. Curiosa ficção científica com ênfase narrativa e quase nenhum espetáculo! Reúne diversas referências ao pop norte-americano e opta por uma enigmática forma narrativa televisiva. A começar pela referência ao clássico seriado Além da Imaginação. Aqui é o fictício programa Paradox Theatre, com narração de abertura similar à de Rod Serling, e logo estamos ambientados na década de 50, na fictícia Cayuga, uma cidadezinha americana interiorana em uma noite de evento esportivo. Grande parte da população está acompanhando as festividades e alheios aos eventos externos, e entre esses eventos externos podem estar acontecendo visitas de "alguma coisa" aérea que está sobre a cidade, escondida entre as nuvens!

A jovem Fay que trabalha na central telefônica e o radialista Everett são alguns dos poucos alheios às festividades e logo descobrem que algo de estranho paira sobre a cidade. Um misterioso sinal sonoro foi captado e as investigações da dupla se intensificam quando um telefonema à radio faz revelações sobre atividades militares que encobriram informações passadas sobre outras visitas.

Com muito mistério e quase nada de espetáculo, The Vast of the Night é intrigante mais pelo formato em cinema do que pelo tema de ufologia. Narrado de forma realista e muito consistente nas relações entre personagens, fica a curiosidade da abordagem pop ao folclore ianque e a assumida farsa pela suposta transmissão televisiva, inclusive com alguns enquadramentos voltando à tela da TV vista na abertura, para reforçar o aspecto de apresentação fictícia.

Mas o filme também não se nega a criação de um ótimo suspense como por exemplo na longa e misteriosa sequência (aos 31 minutos) de um ponto de vista flutuante pela cidade. O mesmo ponto de vista parece espreitar os personagens em outros momentos e segui-los! Ou na visita à velha senhora Blanche, que começa com um monólogo consciente e vai ganhando ares de demência! E todas essas pequenas pistas começam a se reunir na conjunção de um grande e incômodo mistério que permeia o filme todo. O ponto negativo na narrativa fílmica é o excesso de falatório entre personagens, mas é inegável a força do mistério que, mesmo referenciando a cultura pop, evita a abordagem humorada (como Los Parecidos ou Seres Rastejantes fazem tão bem) e opta por um suspense consistente. Apesar de convencional e repleto de lugares-comuns, The Vast of the Night intriga e entretém por sua opção formal.

• Primeiro trabalho do diretor, escritor, e editor Andrew Patterson.

• Surto de comportamento: Fay tem a mania de se locomover correndo à pé pela cidade!

• Beleza técnica: a citada cena de flutuação pela cidade, pelo ginásio de esporte e entre os habitantes!

• Incrível simplicidade e fascínio: a nave-mãe!

• Curiosidade conceitual: os dois protagonistas não primam pela simpatia e raramente concordam.

Expectativa 🛸🛸         Realidade 🛸🛸🛸

Tem um disco-voador cor gelo aí na sua porta?...