1 de abril de 2018

Witche's Hammer

Witche's Hammer (Checoslováquia, 1969)

Diret Otakar Vavra
Com Elo Romancik, Vladimir Smeral, Josef Kemr, Sona Valentova.

Witche's Hammer (Checoslováquia, 1969)

Witchfinder drama. Drama pouco citado sobre a febre de caça às bruxas baseado em fatos ocorridos em meados do século XVII. Quando uma velha camponesa é flagrada tentando roubar uma hóstia durante a comunhão o pastor local a denuncia por possível bruxaria. Na verdade a hóstia deveria ser usada em um medicamento animal, mas as revelações da velha implicam na suspeita por mais pessoas. Inicia-se então um insano surto de prisões e condenações pelo poderoso inquisidor Bublig.

Sem enveredar pelo sobrenatural, o filme comenta especialmente sobre distorções no poder. Quanto mais acusações e condenações acontecem, mais Bublig vê a possibilidade de confiscar bens alheios. As acusações alcançam o pároco Edel que poderá ser o mais forte antagonista às articulações de Bublig, à insanidade do processo investigativo dos inquisidores e à conveniência das acusações que assolam a comunidade.

Linear em sua narrativa, o filme causa natural desconforto por seu conteúdo sempre provocante. E a narrativa idônea e distanciada faz pesar ainda mais o drama, a estupidez que rege as regras instituídas e as sangrentas cenas de tortura. Naturalmente que, na associação entre dominantes do poder religioso e do poder financeiro, o filme lança claras leituras políticas sobre articulações e interesses particulares. Destaque à ótima recriação de época em um filme tecnicamente impecável. Destaque também à abertura sobre gravuras de Goya e uma canção celebrando a presença do "ceifador que está entre nós"!
Curiosidade extra é que com o alinhamento de forças de poder e os discursos misóginos inseridos em off, Witche's Hammer pode ser visto como um precursor de The Devils de Ken Russel.

• Melhor cena: o decadente Bublig sonha com a beleza da jovem empregada Suzanna, sabendo que ela lhe é inacessível tanto por sua (dela) condição social quanto por sua (dele) convicção na farsa do julgamento.
• Melhor cena 2: Bublig termina o drama embriagado e auto-iludido na manutenção de seu poder.
• Melhor personagem: o arauto com seus comentários sobre a condição maléfica da mulher como incitadora de pecado e perdição.
• O título se refere ao livro que rege as regras de conduta inquisidoras na caça às bruxas (Malleus Maleficarum). Regras que serão convenientemente distorcidas pelo inquisidor chefe.

Expectativa 💀💀💀     Realidade 💀💀💀

"Bruxaria é coisa de esquerdista..."

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