6 de novembro de 2018

Mente Paranóica

Office Killer (EUA, 1997)

Diret Cindy Sherman,
Com Carol Kane, Molly Ringwald, Jeanne Tripplehorn, Barbara Sukowa, Michael Imperioli.

Office Killer

Empoderada errada. Dirigido pela artista plástica e fotógrafa Cindy Sherman, este é um suspense brega e satírico que surpreende pelos motivos certos e errados! Dorine é um dedicada e retraída funcionária de uma revista de moda que acompanha os conflitos ao seu redor na redação. A tensão é crescente devido aos novos sistemas operacionais implantados na empresa e as consequentes demissões de funcionários. Dorine não irá se adaptar aos novos quadros de funcionários e sérios problemas de relacionamento começarão a revelar a insuspeitada personalidade da moça!

Entre a sátira de comportamento e o suspense, Office Killer segue a estética e o conteúdo do trabalho fotográfico de Sherman. Na linha do cinema de John Waters, o alvo do filme é o ambiente corporativo de competição declarada e abuso de hierarquia. Mas o que inicialmente é uma comédia macabra vai ganhando ares de terror na estética grotesca, especialmente nos arranjos de corpos que a assassina leva para casa. A relação com o trabalho fotográfico de Sherman é evidente (e natural) e o filme vai um pouco mais longe no estudo do comportamento doentio e na escatologia!

A acentuação kitsch já seria esperada pelos antecedentes da artista na exploração do pop norte-americano, que são a base de seu trabalho, e Sherman surpreende ainda na direção firme do bom elenco com destaque a Carol Kane como a protagonista que da simpatia comovente inicial (cuidando da mãe doente) revela progressivamente sua assustadora psicopatia velada (ainda que satírica).
Então o filme é quase uma "piada interna" para quem conhece a obra da artista e pela exposição grotesca de corpos? É possível que sim, pois se visto enquanto mais um slasher, pode decepcionar o fã corriqueiro. Impossível não associar conclusivamente que se a obra de Sherman (como Waters) se vale do grotesco descartável na cultura popular americana, então thrillers de matança corresponderiam ao kitsch na cultura cinematográfica...

• Melhor cena: as escoteiras visitam Dorine.
• Risível assustador: Jeanne Tripplehorn escondida entre a máquina de lavar e o tanque.
• Melhor perua: a asmática fumante de Barbara Sukowa.
• Participação de Eric Bogosian como o pai de Dorine no flash-back.

Expectativa 💋💋       Realidade 💋💋💋

"A gente não é brega, é kitsch, monamu..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário