Frewaka

Frewaka (Irlanda, 2024)

Diret Aislinn Clarke
Com Clare Monnelly, Brid Ni Neachtain, Olga Wehrly, Aleksandra Bystrzhiskaya, Oisin Maoileoin, Micheal Og Lane, Grace Collender.

Destino folk. Horror irlandês que passeia com muita propriedade pelo folk macabro e intriga na medida certa. Shoo (Clare Monnelly) precisa prestar um serviço de cuidadora em uma velha habitação interiorana e deixa sua namorada no velho apartamento onde sua falecida mão morou. Sua cliente é uma senhora reclusa que vive sozinha em um casarão e a comunidade ao redor não parece simpatizar muito com ela.

Shoo, porém, é dedicada e precisa dos pagamentos. Sua estadia inicialmente conflituosa cede gradualmente a uma insuspeitada compreensão entre as duas. Mais ainda: aos poucos Shoo vai descobrindo que a casa tem passagens misteriosas. Uma delas se abre a um sinistro porão. Mais ainda: quanto mais ela fica no casarão, mais eventos misteriosos se manifestam na casa e nos arredores. Mais ainda: Shoo parece ter seu passado (e seu destino) inevitavelmente ligado ao vilarejo! 

Com seu ritmo pausado e surpresas ocasionais, Frewaka é daqueles filmes que vai engolindo os sentidos aos poucos. Indiretamente sugere que não há símbolo, crença ou ferrenha devoção que salve uma alma de um destino definido pelo instinto. Mais ou menos isso. A mãe de Shoo bem que tentou se cercar do imaginário cristão, mas não adiantou, a força instintiva é mais antiga e não cede a doutrinas e regulagens. A consequência foi seu rompimento emocional e o suicídio (cena de abertura do filme). Shoo acaba se encontrando em um estágio limite (a porta vermelha como um limite ao mesmo tempo intrigante e ameaçador). Ela pode optar pela ilusória segurança de uma crença ou pode se deixar levar pelos caminhos do subterrâneo. 

Enigmático e sorrateiro, Freewaka é um folk-horror consistente, mas não tem jeito: toda vez que vemos festejos pagãos em aldeia a lembrança de O Homem de Palha é imediata e inevitável, e como nesse clássico, o final é assombroso e inesperado!

• Figuraça: o garoto levando o bode pela aldeia (Black Phillip presente!)

• Sutil, mas tá na cara: fantasias fálicas no cortejo final!

• Grande cena: Trancada no porão, Shoo é assombrada pelo desconhecido e pelos símbolos cristãos!
• Agradecimento pessoal: o filme me apresentou o irlandês Horslips com o irresistível folk-rock de Dearg Doom.

Expectativa 🐐🐐        Realidade 🐐🐐🐐