30 de junho de 2018

Tusk, a Transformação

Tusk (EUA, Canadá, 2014)

Diret Kevin Smith
Com Justin Long, Michael Parks, Genesis Rodriguez, Haley Joel Osment, Johnny Depp.

Tusk, a Transformação

I see nerd movies! Bizarrice de um diretor mais afeito a comédias (O Balconista e Dogma, como suas maiores referências). Tusk, curiosamente, nasceu de uma ideia maluca surgida aleatoriamente em um podcast do próprio diretor e a coisa tomou forma quando ele lançou uma enquete entre os ouvintes sobre se deveria ou não fazer o filme. E isso sintetiza e nos dá a dimensão certeira do que o filme é nestes tempos de cultura digital: uma comédia inconsequente e desorientada de referências.

Wallace (Justin Long) e Teddy (Osment, "I see dead people") produzem um podcast show na internet no qual ridicularizam vídeos ridículos... Entre eles um tal de Kill Bill Kid, com um jovem fazendo manobras com sua katana até estupidamente cortar a própria perna e tornar-se celebridade em depressão na internet (clara citação ao Star Wars Kid). Hilário, mas grotesco, mas hilário mesmo assim. E essa situação inicial, com os comentaristas rindo do vídeo absurdo já define todo o universo de Tusk: o grotesco contemporâneo que não será questionado ou atenuado, desde que gere likes

Wallace então viaja até o Canadá para entrevistar a nova web celebridade, mas acaba descobrindo, em um banheiro público, uma curiosa mensagem do recluso Howard Howe (Michael Parks). Interessado nessa descoberta, Wallace decide visitar o misterioso personagem e compor nova matéria para seu programa. E o suspense começa quando o velho Howard se revela um demente que aprisiona Wallace para transformá-lo em uma morsa (como tentou com prisioneiros anteriores)!!! E o pobre Wallace passará por um terror infinito de mutilações e condicionamentos físicos enquanto sua namorada e o parceiro Teddy tentam descobrir seu paradeiro.

E nesse ponto estamos no meio de uma produção enigmática que mostra sua inegável força narrativa no suspense inicial entre Howard e Wallace, mas perde o rumo na inconsequência geral. Ok, é uma comédia, mas a bizarrice risível dos absurdos assumidos põe a perder o filme todo justamente pela desorientação em gêneros. Justin Long surpreende bem como o insuportável nerd arrogante e seu tormento nos gritos desesperados é marcante, mas se a proposta é pra rir...

Então, com o equilíbrio ameaçado por ingredientes contrários, temos um filme com uma narrativa que se mantém bem, mas temos o contrapeso de diversos pontos fracos: o arregalado Michael Parks jamais convence (em filme nenhum). Tusk seria outra coisa com um ator mais pesadão! O grotesco assumido dos efeitos pobres pode ser mais um elemento de riso (manobra arriscada) e o "duelo de morsas" ao final vira o cúmulo da pretensão ao bizarro! Ou seria mais um absurdo inconsequente só para rir?
Resumindo: o filme não é tão bizarro quanto poderia ou pretendia. Nem engraçado. Nem assustador. Tusk caracteriza o típico produto desta era de estímulos ligeiros. É inconsequente, desimportante e esquecível na velocidade de um click... 

• Melhor sequência: o encontro e jantar entre os protagonistas em um bom suspense.
• Melhor personagem: o detetive de Johnny Depp, compondo mais um tipo excêntrico de sua lista.
• As duas balconistas da loja de conveniência ganharam um filme próprio com Yoga Hosers com a mesma equipe e o mesmo espírito daqui. Detalhe: Lily-Rose Depp é filha de Johnny. Um terceiro filme (Moose Jaws, em produção) deverá compor a "trilogia-Canadá" do diretor.
• Durante os créditos finais ouvimos o podcast no qual Kevin Smith improvisou a trama básica que originou o filme.

E agora? Como avaliar esse troço? Expectativa 😈😈   Realidade 😈😈

"I am the walrus?!..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário