16 de fevereiro de 2020

O Chalé no Fim do Mundo - a caminho do apocalipse!

Vocês não escolheram fazer o sacrifício. A morte de (...) foi um acidente, então isso não vai impedir a chegada do apocalipse. Eu bem que falei que a epidemia seria a próxima, e aí está ela. Será que não vêem? Tudo o que aconteceu... vocês precisam enxergar agora. Só conseguirão impedir o fim de tudo quando, voluntariamente, escolherem sacrificar um ou o outro.

• Suspense de alta voltagem que consagrou Paul Tremblay como um dos grandes do fantástico na literatura contemporânea. Chalé no Fim do Mundo é a trágica aventura de Andrew e seu marido Eric além da pequena Wes, sua filha adotiva de origem chinesa. Passando uma temporada em um chalé na floresta, na divisa com o Canadá, os três são abordado por um misterioso quarteto portando armas primitivas, forcados e foices adaptados em armas estranhas. Os quatro (dois homens e duas mulheres) invadem o chalé, aprisionam Andrew e Eric e exigem um sacrifício para que o mundo não seja varrido por um apocalipse!

Vocês têm que entender: não podemos e não vamos escolher quem será sacrificado por vocês e, tão importante quanto isso: não podemos agir por vocês também. Não é assim que funciona. Vocês devem escolher quem será sacrificado em em seguida, executar o ato. Como eu disse, viemos aqui para garantir que a mensagem seja ouvida e compreendida.

Segue-se um sufocante confronto narrado linearmente em dois dias de ação e em alta dose de dramaticidade e acentuada violência. Detalhista e de escrita fluente, o autor constrói seu suspense sem pressa e isso adiciona uma qualidade sufocante à narrativa. Pior ainda (melhor no caso) os capítulos são longos e não tem muitos pontos de interrupção de leitura. Assim, o autor compõe uma sequência narrativa tão coesa (poucos flash-back) que é uma leitura impossível de largar.

Utilizando pavores contemporâneos como ingrediente básico e motivador da narrativa, o livro se vale do alarme global referente a dramas de refugiados, preconceitos, catástrofes, tsunamis, e até uma epidemia originária da China. Mas arrisca muito em não deixar mais claras as motivações dos invasores no chalé, que são orientados por "vozes" e "visões". Ou não definindo se eles agem como parte de uma seita, assim como as sutilíssimas inserções sobrenaturais que também não se justificam nem em seu final aberto. Considerando que esses supostos tropeços tenham sido intencionais pelo autor, seu thriller é um desesperador comentário sobre a condição do homem moderno oscilando entre o misticismo alienado e a razão analítica, sendo que nenhum dos dois servirá para muita coisa diante de diversos apocalipses possíveis.

Devia ter apanhado mais corda e prendido uma entre ele e Sabrina. No que estava pensando? Mas agora é tarde demais. Não há como voltar para o chalé e apanhar mais. Não há mais como voltar para nada.

Leitura Radical
Começa muito bem, termina mais ou menos....
Leitura Passional
Intensidade rara no drama e violência.
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O Chalé no Fim do Mundo

The Cabin at the End of the World, Paul Tremblay, 2018
Editora Bertrand Brasil, Rio de Janeiro, RJ, 2019
250 páginas

paul tremblay

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