28 de junho de 2021

Algernon Blackwood - mestre das atmosferas estranhas.

Algernon Blackwood

Escritor inglês entre os mais importantes dos contos fantásticos em todos os tempos. Situado entre Poe e Lovecraft tanto em importância literária quanto em data histórica, Blackwood teve especial predileção por contos fantasmagóricos sendo considerado por Lovecraft como o "mestre absoluto em atmosferas estranhas".

• Nascido em 1869, Algernon Blackwood foi um convicto solteirão de vida aventureira e de atividades múltiplas. Morou no Canadá, New York, Suíça e Inglaterra, trabalhou como barman, jornalista, fazendeiro e até professor de violino, além de ter se interessado em estudos sobre Budismo, a doutrina Rosa Cruz e ter integrado a sociedade Golden Dawn junto ao também escritor William Butler Yeats. Blackwood faleceu em 1951 depois de experimentar a fama na década de 40, ao apresentar suas histórias em leituras para programas de rádio e TV pela BBC. 

Como decorrência de seu trabalho de jornalista e estudos ocultistas, começou a escrever contos ficcionais aos quais nunca deu devida importância. Diferenciando-se da tradição gótica, orientava-se mais pela "expansão das faculdades humanas", do que por estruturar histórias pela mera aparição fantasmagórica. Por insistência de um amigo, admirador de seus textos, o material ficcional do autor acabou sendo conhecido por editoras e publicado. 

De estilo elegante e envolvente, a força de seu texto consiste na imersão gradual dos sentidos em uma atmosfera que desorienta os estados habituais de seus personagens, e por consequência dos leitores. Blackwood teve especial predileção por histórias de fantasmas, mas também abordou de forma bastante original ameaças naturais. Ventos, vegetação, neve, foram fonte de horror em narrativas distintas, nas quais a habitual claustrofobia gótica era trocada por espaços abertos. Nessa linha, o conto The Willows (Os Salgueiros, 1907) é considerada sua obra prima e uma das mais importantes histórias fantásticas na literatura. A relativa notoriedade alcançada nos contos, novelas, peças e histórias infantis, teve seu auge na década de 40 quando o autor teve um programa televisivo no qual fazia leitura de seus contos sobrenaturais.

Ainda não devidamente resgatado em nosso mercado, nenhuma de suas antologias originais (editadas entre 1906 e 1929), recebeu edição em português. Tivemos uma seleção feita pela escritora e tradutora Heloísa Seixas (A Casa do Passado, Ed. Record, 2001), o conto A Estranha Morte de Morton, de 1910, em Herdeiros de Drácula (Harper Collins, 2017), a edição bilíngue de Os Salgueiros (Ed. Empíreo, 2019) e uma desastrosa edição independente, A Casa Vazia (2019), totalmente desqualificada por sua tradução inaceitável. Consta ainda, Velhas Feitiçarias, na antologia Os Mais Belos Contos Alucinantes da editora Vechi, de 1945 e bastante difícil de se encontrar.

Algernon Blackwood
Ilustração de W. Graham Robertson
para The Terror of the Twins

Nenhum comentário:

Postar um comentário