9 de julho de 2017

Noite de Sombras, Noite de Sangue

Silent Night, Bloody Night (EUA, 1972)

Diret Theodore Gershuny
Com Mary Woronov, Patrick O´Neal, James Patterson, John Carradine, Astrid Heeren.

Silent Night, Bloody Night (EUA, 1972)

Do que é feito um grande filme? Silent Night Bloody Night é daqueles casos de filme que aparece um em um milhão! É uma produção B (mas B mesmo, indo pro C), independente de grandes orçamentos, sem suporte de grandes estúdios e feita com recursos mínimos. E tudo o que tem em virtude cinematográfica se associa a tropeços e desarranjos técnicos em um resultado que hipnotiza os sentidos de forma rara! Só vendo pra crer!

A história é sobre um casarão que acumula fatos trágicos e violentos na vida da família que ali vive há gerações. O atual herdeiro quer colocá-la a venda e mortes misteriosas começam a ocorrer. Até aí, poderia ser mais um slasher convencional, mas o filme se embrenha no território do inconsciente por sua estrutura. E nesse ponto somos levados a defender o cinema B como um espaço muito saudável de experimentação cinematográfica.

Com poucos personagens em cena e longas sequências com narração em off, o filme cria uma incrível atmosfera de sonho (e pesadelo) por sua suspensão. Tem momentos sangrentos e absolutamente apavorantes, especialmente na fuga dos doentes mentais do asilo, filmada em tom sépia, e possivelmente em bitola menor (16 mm talvez) para o efeito fotográfico estranhíssimo. A edição irregular também cria uma forma muito especial de estrutura fílmica: não concentra a narração em um protagonista, apesar de Mary Woronov ser a narradora inicial, mas o herdeiro do casarão também tem sua importância e segredos a se revelar e grande parte da narrativa inicial é conduzida pelo agente imobiliário (Patrick O´Neal). A montagem também alterna cenas isoladas de visível amadorismo a outros de invejável genialidade estética. O uso da trilha sonora também acentua o deslocamento perceptivo.

Como um autêntico cult movie, Silent Night Bloody Night passou despercebido em sua época e foi construindo sua fama e recebendo admiração posteriormente justamente por sua forma incomum. Então na qualidade de "alternativo" temos aqui um inquestionável clássico do experimental!

Resumo do falatório: a conjunção de erros em uma nova forma, raríssimas vezes deu tão certo quanto aqui. Um caso a ser estudado.

• Mary Woronov, que iniciou carreira na troupe de Andy Warhol, foi atriz com carreira bastante ligada aos alternativos e o veterano John Carradine faz uma pequena participação sem falar nada, só se comunica com uma campainha!
• Melhor susto: a agente telefônica sozinha na escuridão da casa!
• Melhor cena: a taça quebrada sobre o olho de uma vítima!
• Relançado em 2013 em edição restaurada.

Expectativa 😈😈      Realidade 😈😈😈😈


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