26 de julho de 2017

Uma Filha Para o Diabo

To the Devil a Daughter (Inglaterra, 1976)

Diret Peter Sykes
Com Christopher Lee, Richard Widmark, Nastassja Kinski, Honor Blackman, Denholm Elliott.

Christopher Lee em Uma Filha Para o Diabo

"Excomungar não é heresia" 

Nastassja 15 aninhos! Produção dos estúdios Hammer em fim de atividades. Outro caso de filme que circulou em VHS nos idos dos anos 80 em cópia muito ruim e agora merece nova conferida em versões digitais. E revendo, temos a triste constatação de como estivemos mal servidos em qualidade técnica na era de ouro do home video. Se por um lado a oferta de títulos foi muito boa e sem precedentes no mercado popular, por outro vemos que a má qualidade das cópias comprometeu muita coisa que circulou em nossas telas e embasou nossa formação de cinemaníacos. Este Uma Filha Para o Diabo é um grande exemplo de filme que foi mal avaliado à sua época (de vídeo) simplesmente porque uma de sua principais forças é a concepção visual. E isso se perdia muito no enquadramento cheio (4:3) da TV, que destruía o quadro wide original. Além do cuidado fotográfico, que consegue um notável efeito em suspensão e mistério a favor do filme.

Christopher Lee é um padre herege que conduz uma seita de satanistas e precisa sacrificar Nastassja Kinski no Dia de Todos os Santos. Mas o pai dela (Denholm Elliott) se arrepende de ter deixado a filha aos cuidados da seita e pede ajuda a um escritor especialista em assuntos sobrenaturais, Richard Widmark, que como Gregory Peck em A Profecia garante certa respeitabilidade clássica ao filme. E temos algumas ousadias como orgias, inseminações, e grávidas consensualmente parindo de pernas amarradas! Mas a grande virtude de Uma Filha Para o Diabo é mesmo sua construção fílmica. Existe algo de profano e ameaçador na conjunção de imagens. Algo que incomoda enquanto cinema, independentemente dos jogos de poder religiosos. A conjunção de imagens guarda um cuidado único ao ocultar o que poderia expor e revelar o sobrenatural no que poderiam ser momentos errados, como o incubo demoníaco visto no espelho do quarto da Nastassja, ou a inserção da figura de Lee em diversos momentos como um desarranjo estético, uma intromissão. 

Assim a construção do filme joga sua força e sua ameaça para as entrelinhas do que esta sendo visto. Até o salvamento final da jovem a ser sacrificada é emocionalmente modesto, quase anti-climático. Ao evitar o espetáculo pirotécnico exibicionista o filme impressiona na sugestão do fantástico em outros canais que não os da nossa realidade física!

Peter Sykes (1939-2006) foi um realizador de poucas obras, mas de destaques notáveis como Demônios da Mente. E parece que teve uma curiosidade provocativa por sociedades secretas e articulações infiltradas como já havia explorado em Committee.

• Melhor cena: em um filme que tem nu frontal da mocinha Kinski fica impossível pensar em outra cena a não ser essa! (Black Phillip, seu cafajeste!)
• Cena inusitada: Christopher Lee fazendo bundefora! (claro que é dublê)
• É possível que Uma Filha Para o Diabo seja o melhor filme de adoradores satânicos desde O Bebê de Rosemary.
• Baseado em livro de Dennis Wheatley, com personagens que voltariam em O Satanista.
• Historicamente é o último filme de destaque da Hammer.
• Junto a Cosi Comme Sei, é o filme mais importante da fase inicial de Nastassja Kinski.

Expectativa 😈😈    Realidade 😈😈😈

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