10 de janeiro de 2017

Viagem Alucinante

Enter the Void (França, Alemanha, Itália, Canada, 2009)

Diret Gaspar Noé
Com Paz de La Huerta, Nathaniel Brown, Olly Alexander.

Enter the Void

Viagem sem volta? Ambientado no Japão moderno, este é um drama inclassificável e emocionalmente extenuante. Oscar é um jovem envolvido com consumo e venda de drogas em Tókio. Levado a uma cilada ele é morto pela polícia. Peraí! Spoiler? Contei o final! Nada, esse é o começo: depois de morto, o filme trata do tempo que o espírito do rapaz vaga sem rumo definido pelos ambientes e acontecimentos a ele relacionados. 

No submundo de Tóquio, Oscar acompanha a vida desregrada dos amigos, a prostituição da irmã e sua gravidez involuntária, o drama familiar vivido pelo amigo que o traíra. E o espírito vaga sem poder (ou querer) se desconectar. Campos de energia, como luzes acesas, servem de transporte temporal e ele visita fatos traumáticos de sua vida, como a perda dos pais em um acidente, e a separação da irmã.

Enter the Void é a agonia em forma de filme. Experimental, ousado e tecnicamente brilhante. Todo fotografado com câmera suspensa sobre os ambientes, POV do personagem, POV espiritual. Duas horas e meia de câmera subjetiva em um roteiro que trata da inutilidade da existência em um mundo governado por vícios e taras pode ser demais para o espectador. Afinal queremos justamente escapar desse void. Mas é justamente por isso que Enter the Void nos fascina, aprisiona e aterroriza em sua impiedosa narrativa. Finalmente temos um filme que trata a espiritualidade sem sermão e sem conveniências. A existência pode ser algo fascinante e multicor como as viagens de ácido ou as fachadas da metrópole, mas também pode ser tão inútil e ilusório quanto... Tem Enter, mas não tem Ctrl-Z. Enigmático, genial, inesquecível, traumático. Mas para ser visto uma vez só. Black Phillip ficou assustado!

Expectativa ❓   Realidade 😈😈😈😈


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